A literatura fantástica nacional tem entrado numa grande
ascensão nos últimos anos. Nomes como Raphael Draccon, Eduardo Spohr, André
Vianco, Carolina Munhóz e etc. entraram na boca dos fãs de ficções fantásticas,
mas é sempre importante olhar para os nomes que, mesmo não tão em voga, tem
feito um trabalho de grande qualidade, como é o caso de Ivan Mizanzuk em “Até o
fim da queda”.
O livro conta a estória de Daniel Farias, um famoso escritor
de livros de terror/suspense. Logo após escrever seu novo livro, que se baseia
num real ritual ocorrido na sua cidade natal no ano de 1993, o caso volta à
tona, com grandes revelações e um número gigantesco de leitores que se
suicidaram. Qual a mística por trás disso tudo? O que é a organização secreta
que realizou o ritual? Essas são algumas das perguntas que Farias responde em
seu livro, mas acaba adentrando num mundo, que pode nunca mais sair.
O escritor Ivan
Mizanzuk, mesmo sendo seu primeiro livro, não é para poucos, nem para
iniciantes no mundo da leitura. Ele cria algo totalmente novo e terrivelmente
assustador e viciante. E o mais legal disso tudo é que tratamos de um escritor
brasileiro aqui, tentando criar tudo diferente que você já possa ter lido. Se
pode começar dizendo sobre a forma de contar a linha narrativa. Mizanzuk não utiliza nenhum narrador,
nem possui uma linearidade na sua estória. Essa é contada, na sua maioria, pela
entrevista que Daniel Farias realiza para uma repórter de um grande canal de
comunicação, mas se intercala com a entrevista que esse mesmo Daniel realiza
com um dos integrantes do Dragão Vermelho, a organização secreta que viria
desde o século XVI na Espanha e estaria responsável pelo ritual e suicídio dos
sete jovens. Além disso, partes de fragmentos de livros, relatos, pergaminhos,
passagens de textos, notícias de jornais antigas e recentes e outros contatos
se intercalam para a continuidade da narrativa. Só por isso já era possível ver
o quanto o escritor conseguiu realizar algo que fugisse do padrão, mas ele
ainda consegue chegar a algo maior. O livro consegue criar uma mitologia
própria e um terror psicológico alucinante, que faz com que o leitor não
consiga parar de ler. É devidamente impressionante. O lado negativo desse vício
é que acaba bem rápido. O livro, mesmo tendo suas 243 páginas, possui uma
diagramação bem rápida de ser lida, algo que gera um gosto de “quero mais”.
O escritor Ivan Mizanzuk |
O final da obra é uma
das grandes explosões de cabeças que se é possível passar na literatura mundial
atual. Demora um certo tempo até acreditar naquilo tudo e, assim, a experiência
que o leitor passou na leitura só se faz valer ainda mais a pena. A estória
leva o leitor em muitos caminhos distintos, mas nunca realmente chegando
próximo do que a revelação final trás.
O exemplar foi feito
pela Editora Draco, uma editora brasileira que publica autores de
ficção-científica/fantástica. A edição é muito bem-feita e diagramada também.
As ilustrações internas dão um ar ainda melhor para o mundo que o livro
consegue criar em que o lê. A capa talvez deixe um pouco a desejar, pois pouco
chama atenção. Para um fã de literatura despercebido, não pode gerar uma certa
vontade da compra, mas, ainda assim, não é ruim. O preço de capa dele é 44,90.
Um pouco salgado, mas vale muito por toda a experiência da obra.
“Até o fim da queda”
é um dos melhores livros, não só nacionais, que todos poderão ler nos últimos
tempos. Pode entrar tranquilamente na lista de favoritos da vida de qualquer
um. Tudo o que o livro consegue fazer o leitor passar é digno de aplausos e a
expectativa só aumenta para um novo exemplar de Ivan. Leiam e se deliciem por
quão boa a nossa literatura fantástica brasileira pode ser.
Nota: 9,7/10
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