Fazer séries com temas fora do comum tem se tornado
cada vez mais difícil. A criatividade da maioria dos roteiristas acaba entrando
numa mesma mesmice, que atrapalha muito aos amantes do audiovisual, mas devemos
aplaudir sempre que algo que difere aparece. Assim, Unreal chega como uma grata
surpresa nessa temporada de seriados, com uma forma e uma estória totalmente
inovadoras.
Unreal conta sobre os bastidores de um
programa reality show de TV sobre namoros. Assim, temos a protagonista Rachel
(Shiri Appleby) que é a assistente de palco responsável pela manipulação de
certas reações e ações de todos os participantes dentro do show, para dar uma
maior visibilidade e polêmica, que a produção deseja.
A série retrata de
forma bem clara sua crítica aos programas de reality show que, mesmo o público
não achando, são devidamente roteirizados e feitos de maneira a trilhar
determinado caminho. A questão é que essa crítica é realizada de uma maneira
muito bem-feita, mesmo com certos exageros. O grande ponto é que poderia ter
sido um outro estilo de programa abordado, mesmo esse tendo funcionado muito
bem.
Começando pelos pontos positivos, é necessário
destacar as atuações. Todas estão devidamente bem realizadas e bem encaixadas.
Shiri Appleby precisa ser indicada a alguma premiação grande, se o mundo for
justo, pois encaixa de maneira fantástica na sua personagem e cria uma apatia e
antipatia ao mesmo tempo pela personagem, algo devidamente impressionante. De
ponto mais fraco nas atuações, apenas destaque em Freddie Stroma, que está
abaixo da maioria, mas não compromete. Seguindo pelo ótimo roteiro.
Reviravoltas acontecem em uma quantidade bem grande durante toda a temporada e
criados de maneira espetacular. Alguns diálogos são dignos de aplausos e a
construção dos personagens também é ótima. A direção dos episódios é boa, mas
nada mais que isso. Deve ser colocada como positiva pois alguns planos e
andamentos conseguem fugir do padrão, mas está longe de ser a melhor coisa da
série. A trilha sonora também deve ter seu destaque. Complementa bem em muitas
situações e a música não-original em algumas finalizações de episódios é muito
bem utilizada.
Pelo lado negativo, devemos começar com certas
coisas um pouco forçadas. Por exemplo, a adição de uma personagem no meio da
temporada com objetivo apenas de criar uma intriga, que não consegui engolir.
Além disso, a adição de outra personagem já mais para o final de uma maneira
meio sem sentido. Seguindo, a direção de fotografia da série é bem fraca. Não
sai muito de um padrão bem comum e pouco adiciona na estória, servindo para
apenas estar ali.
O fim da temporada não chega a ser muito
fraco, mas ficou um pouco decepcionante pelo total que a série fez. O episódio
final vinha numa ótima onda e continuidade, mas se perde demais nos 10 minutos
finais, meio que tentando deixar tudo em aberto de uma maneira bem esquisita. A
questão é que ocorre um fechamento no arco narrativo desses 10 episódios e o
que poderá acontecer no próximo ano do seriado? Só resta aguardar.
A primeira temporada de Unreal foi uma grata
surpresa no mundo das séries. Uma estória que fugiu muito bem do padrão e criou
um arco narrativo totalmente diferente do que se vê na TV atualmente. Longe de
ser a melhor coisa dos últimos anos, mas uma diversão muito bem trabalhada e
pensada. Gosto quando algo mais comercial nos faz pensar e refletir um pouco e
Unreal faz esse papel muito bem.
Nota: 8,1/10
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