quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Crítica: O Jogo da Imitação


“Às vezes, as pessoas de quem não imaginamos nada, são aquelas que fazem as coisas que ninguém imagina”. Essa é frase que permeia o longa, e acaba por ensinar a nós e aos protagonistas que a ajuda pode vir dos lugares ou das pessoas que menos esperamos.
O filme que procura contar a história do matemático Alan Turing, nos remete a um tempo de guerra em que mesmo fora dos campos de batalha se pode atuar como um soldado. A missão de Turing é decifrar todos os códigos nazistas, da indecifrável Enigma. Nessa corrida contra o relógio, a equipe de criptógrafos deve pôr suas vidas nas mãos do matemático, que está por construir uma máquina capaz de criptografar qualquer coisa.
A película que foi indicada a 8 Oscars, é capaz de nos dizer, que não é mais um telefilme, mas uma parte da história, na qual diretor norueguês Mortem Tyldum faz questão de não esquecermos. As atuações de Benedict Cumberbatch e Keira Knightley são o destaque do longa, não obstante, Mark Strong e Charles Dance não ficam atrás desempenhando com exatidão e fluidez seus personagens. Outro ponto importante foi a infância de Alan Turing, um menino gênio autointitulado “agnóstico a violência”, vítima de bullying e apaixonado por seu melhor amigo de colégio e que cresceu em um sujeito arrogante, insubordinado e inapto no trato social, embora não seja ignorante a ponto de não saber portar-se diante de seus pares. Dessa forma, o longa foi capaz de demonstrar o lado humano do matemático com instantes de sensibilidade, ainda transmitindo a sensação não de ser incapaz de compreender as sutilezas do uso da linguagem e ironias da inflexão verbal, mas de que não dá a mínima a rodeios em sua preferência de conversas diretas – como o computador que viria a construir e, sobretudo, o teste elaborado para identificar se um interlocutor é um homem ou uma máquina.

O roteiro de Graham Moore é digno de ser objeto de estudo. O mesmo consegue uma harmonia interessante entre o drama histórico e a cinebiografia; através das aspirações de Turing e ao mesmo tempo narrar o quebra cabeça posto pelos nazistas, que se decodificado poderá encurtar a guerra em pelo menos dois anos. Entretanto, os diálogos muitas das vezes parecem inconstantes com frases repetitivas, apesar de algumas serem inspiradas trazendo o lado mais humano do matemático. E infelizmente a trilha sonora de Alexandre Desplat não enaltece a trama como deveria.

Como o filme deixa claro nos créditos finais, entre 1885 e 1967 cerca de 49 mil homens foram condenados por serem homossexuais no Reino Unido – essa orientação sexual era vista como crime. Turing, realmente, acabou tendo o passado resgatado. Mas nunca saberemos tudo que ele poderia ter feito pela ciência se não tivesse passado por aquela situação.

Nota: 8,5
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