“Às vezes, as pessoas de quem
não imaginamos nada, são aquelas que fazem as coisas que ninguém imagina”. Essa
é frase que permeia o longa, e acaba por ensinar a nós e aos protagonistas que
a ajuda pode vir dos lugares ou das pessoas que menos esperamos.
O filme que procura contar a
história do matemático Alan Turing, nos remete a um tempo de guerra em que
mesmo fora dos campos de batalha se pode atuar como um soldado. A missão de
Turing é decifrar todos os códigos nazistas, da indecifrável Enigma. Nessa
corrida contra o relógio, a equipe de criptógrafos deve pôr suas vidas nas mãos
do matemático, que está por construir uma máquina capaz de criptografar
qualquer coisa.
A película que foi indicada a
8 Oscars, é capaz de nos dizer, que não é mais um telefilme, mas uma parte da
história, na qual diretor norueguês Mortem Tyldum faz questão de não
esquecermos. As atuações de Benedict Cumberbatch e Keira Knightley são o
destaque do longa, não obstante, Mark Strong e Charles Dance não ficam atrás
desempenhando com exatidão e fluidez seus personagens. Outro ponto importante
foi a infância de Alan Turing, um menino gênio autointitulado “agnóstico a
violência”, vítima de bullying e apaixonado por seu melhor amigo de colégio e
que cresceu em um sujeito arrogante, insubordinado e inapto no trato social,
embora não seja ignorante a ponto de não saber portar-se diante de seus pares. Dessa
forma, o longa foi capaz de demonstrar o lado humano do matemático com
instantes de sensibilidade, ainda transmitindo a sensação não de ser incapaz de
compreender as sutilezas do uso da linguagem e ironias da inflexão verbal, mas
de que não dá a mínima a rodeios em sua preferência de conversas diretas – como
o computador que viria a construir e, sobretudo, o teste elaborado para
identificar se um interlocutor é um homem ou uma máquina.
O roteiro de Graham Moore é
digno de ser objeto de estudo. O mesmo consegue uma harmonia interessante entre
o drama histórico e a cinebiografia; através das aspirações de Turing e ao
mesmo tempo narrar o quebra cabeça posto pelos nazistas, que se decodificado
poderá encurtar a guerra em pelo menos dois anos. Entretanto, os diálogos
muitas das vezes parecem inconstantes com frases repetitivas, apesar de algumas
serem inspiradas trazendo o lado mais humano do matemático. E infelizmente a
trilha sonora de Alexandre Desplat não enaltece a trama como deveria.
Como o filme deixa claro nos
créditos finais, entre 1885 e 1967 cerca de 49 mil homens foram condenados por
serem homossexuais no Reino Unido – essa orientação sexual era vista como
crime. Turing, realmente, acabou tendo o passado resgatado. Mas nunca saberemos
tudo que ele poderia ter feito pela ciência se não tivesse passado por aquela
situação.
Nota: 8,5
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