Por Kabutows
Ser um herói pode parecer uma maravilha aos olhos da
maioria dos fãs de quadrinhos, mas é inegável que eventualmente esses
personagens sofram devido a alguma perda, tanto familiar quanto amorosa, e
nesse meio de perdas pessoais Peter Parker consegue ser um dos heróis mais
positivos, pois mesmo com todas as coisas ruins que o afetaram ele consegue
seguir em frente, mantendo aquele jeito brincalhão e sarcástico. Mas ninguém
consegue se manter feliz em todos os momentos, e é sobre esse momento de
tristeza que trata Homem Aranha: Azul.
O nome de Homem
Aranha Azul possivelmente é derivado da expressão norte americana "feeling
blue" (que significa tristeza ou melancolia) e consegue retratar bem o
espírito da estória. Essa HQ foi escrita por Jeph Loeb e ilustrada por Tim
Sale(que juntos já tinham escrito Demolidor: Amarelo e Hulk: Cinza) e é
composta de 6 edições. A HQ começa no dia dos namorados com um Homem Aranha
melancólico que todo ano nessa mesma
data, vai até um determinado lugar para se lembrar de sua falecida amada, então
uma narrativa em primeira pessoa começa e nos acompanha ao longo de todas as
edições, nessa trama vemos Peter Parker usando um gravador como forma de
"conversar" com Gwen para assim contar para ela tudo que não podia
contar acerca dos momentos onde eles se apaixonaram.
A HQ é uma verdadeira viagem no tempo, pois voltamos a época onde Peter
Parker mal conhecia Mary Jane, e acompanhamos sua escalada de nerd franzino até
galã de novela, vemos personagens conhecidos como Flash Tompson, Harry Osborn e
Mary jane, além é claro de alguns vilões como Duende verde e Kraven que apesar
de estarem presentes, não são o foco da HQ, que prefere se manter nas relações
entre Peter e seus amigos, mostrando o quanto pode ser difícil conciliar a vida
dupla de super herói e estudante.
O ponto forte desse quadrinho é sem duvida a narrativa em
primeira pessoa, pois através dela conseguimos conhecer um Peter diferente
daquele que vemos normalmente, além de também termos um vislumbre de aceitação
de Mary Jane como segunda em seu coração e de conseguirmos entender melhor o
que passa na mente do amigão da vizinhança, isso tudo de forma gradual sem ser
forçado ou parecer aleatório, fazendo com que o crescimento percebido em Peter
seja enorme. Essa é uma estória sobre perda, a perda de alguém querido que um
super herói tem que passar ao longo de sua vida, e por isso esse clima mais
parado e melancólico se torna necessário para podermos sentir o peso que a
falta de Gwen faz na vida de Parker, e de como isso o afeta até os dias atuais,
mesmo atualmente tendo uma vida amorosa estável com Mary Jane.
Com relação a arte, uma palavra define tudo: maravilhosa,
Tim sale tem um traço fantástico, e junto com a colorização de Steve Buccellato
dão um ar de coisa antiga mas sem parecer brega, criando um clima que se
encaixa perfeitamente na obra, um clima de lembrança de um passado doloroso mas
ao mesmo tempo bom, a diagramação dos quadros também é muito bem feita,
novamente naquela ideia de parecer antigo sem ser brega, com quadros grandes e
quadrados, remetendo a uma publicação da década de 40. Essa atmosfera artística
toda é criada de forma a fazer o leitor sentir um clima diferente que essa
estória possui, e para isso, um pouco de mente aberta será necessária, mas
longe de dizer que a arte é feia, como já disse a arte é maravilhosa, só é
diferente do que estamos acostumados atualmente.
O quadrinho foi relançado a algum tempo atrás pela editora
Salvat em parceria com a editora Panini, na Coleção Oficial de Graphic Novels
Marvel, contendo as 6 edições originais compiladas em uma só revista de capa
dura e alguns bônus como uma pequena biografia sobre Jeph Loeb e Tim Sale em
seu fim.
Enfim, nunca fui muito com a cara de quadrinhos americanos,
mas Homem Aranha Azul conseguiu mudar essa minha perspectiva sobre esse tipo de
publicação, por isso acho que essa estória provavelmente agradara tanto o leito
mais velho que já acompanha o herói a um tempo quanto alguém que quer começar a
ler quadrinhos americanos mas não sabe por onde, Homem Aranha: Azul pode ser um
excelente começo, principalmente por se focar em mostrar um lado mais humano de
Peter Parker e conseguir dialogar melhor com o leitor.
Nota: 9,2
0 comentários:
Postar um comentário