domingo, 21 de junho de 2015

Divertida Mente (Crítica)


Por Ultraboy

Sensibilidade, cores e psicologia são as palavras que definem o quão a volta da PIXAR pôde ter sido tão maravilhosamente explorada em um único longa. Dirigido por Pete Docter (“Up! Altas Aventuras”) e Ronaldo Del Carmen, Divertida Mente provoca no público muito mais do que aquele “ooown” característico das animações da casa. Cada uma das emoções salta da tela, nos fazendo rir e chorar como criancinhas enquanto somos transportados a um universo totalmente novo e interessante.
Na trama, vamos conhecer uma jovem garotinha chamada Riley, que passa por diversas emoções ao deixar toda a sua vida para trás e partir do Centro-Oeste dos EUA, para San Francisco, quando seu pai começa um novo emprego. Um problema que muitos devem ter vivido ou você que nunca deixou sua casa na infância, já teve que passar por mudanças drásticas que acabaram bagunçando seus sentimentos. Dentro da cabeça da garotinha, temos cinco personagens que vocês vão se apaixonar, a Alegria, o Medo, a Raiva, a Nojinho e a Tristeza. Eles vão ajudar a garotinha a lidar com as mudanças, problemas do dia-a-dia e um grande problema que todos passamos cedo ou tarde, o medo de estar crescendo.
No Brasil, a Disney escalou um time de comediantes para dublar as emoções de Riley, sendo que Otaviano Costa (voz do Medo), Léo Jaime (voz da Raiva) e Miá Mello (voz da Alegria) acabam se saindo muito bem no trabalho de dublagem e Dani Calabresa (voz do Nojinho) e Katiuscia Canoro (voz da Tristeza) acabam fazendo um trabalho abaixo, já que a dublagem das propagandas e comerciais com os profissionais de dublagem eram muito melhores. Embora a Alegria, a emoção principal e mais importante de Riley, tenta manter as coisas positivas, o conflito de emoções dentro da garotinha vai mostrar a melhor forma de navegar numa nova cidade, casa e na escola. O filme vai te fazer chorar de rir, pensar na sua vida também e claro, emocionar do jeito que a Pixar sabe fazer. Então, já prepara o lenço, pois você vai precisar.


O grande acerto de “Divertida Mente” é demonstrar o óbvio de maneira alegórica tratando de um tema tão recorrente (mudança) sem cair na preguiça de abusar dos estereótipos, o que poderia ser normal porque estamos falando de uma obra de animação. Há outras coisas a serem ditas desta produção, uma delas é ter escapado do final feliz, o principal motivador de uma grande parcela da audiência ir até salas de cinema. A proposta de desafio de “Divertida Mente” é como lidar com o revés a partir de um conceito de felicidade que cada um pode construir. Para alguns a solução mais fácil seria “voltar uma casa” e retornar à cidade de origem. O roteiro também de Docter e do diretor Ronaldo del Carmem (filipino que também já havia trabalhado na animação “Ratatouille”) assume um lado bem mais adulto quando aponta para continuidade dos planos a melhor solução para enfrentar o revés e todo o sentimento de frustração que vem a reboque.
Bem colorido (o que vai agradar as crianças), com um ótimo 3D e com uma história encantadora (que promete entreter aos adultos e as crianças igualmente), Divertida Mente (Inside Out) é um dos melhores animados do estúdio e principalmente é o melhor animado lançado este ano até agora. Com certeza, o filme parte na dianteira na corrida das premiações e já falo, seria um forte candidato até mesmo para concorrer a uma indicação ao Oscar de melhor filme, pois o animado merece todos os elogios que vem ganhando, pena que ainda role um preconceito enorme com as animações nestas premiações.
Ainda assim, apesar de todas as muitas virtudes da produção, a maior e mais importante talvez seja sua insistência em destacar que a tristeza é um elemento tão importante da condição humana quanto o êxtase. Pois a verdade é que vivemos numa sociedade cada vez mais obcecada com a alegria colossal e constante – e a base da Publicidade, grande incentivadora desta filosofia perversa, é a venda eterna de um ideal inalcançável de felicidade (uma condição que só poderia ser conquistada se comprássemos este ou aquele produto). Com isso, passou-se a temer a melancolia e qualquer sentimento que não seja o de (auto) satisfação irrefreável, como se precisássemos experimentar alegria o tempo inteiro.
E o que Divertida Mente demonstra para seu público (pequeno e grande) é que a beleza da vida reside precisamente na natureza multicolorida e complexa de nossas experiências, memórias e sentimentos.

Nota: 10
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