Por Ultraboy
Escrito e dirigido por Richard Price, Crimes Ocultos como é
chamado no Brasil vemos como um jovem garoto perdeu a família e o lar na Rússia
e, mais tarde, se tornou um herói na Segunda Guerra Mundial, acompanhamos Leo
Demidov (Tom Hardy, de Mad Max) como policial na União Soviética comandada por
Stalin. Quando o filho de um colega de trabalho morre de forma misteriosa, Leo
tem que enfrentar as normas políticas da época (“não há assassinatos no
paraíso”) para descobrir a verdade e desvendar as mortes de diversos garotos.
A premissa do longa tinha tudo para se estabelecer na
telona e ser mais um daqueles dramas históricos bem sucedidos. Entretanto, o filme opta por não
explorar alguns ricos elementos de sua história, preferindo investir em
reviravoltas constantes do que em desenvolver seus personagens. O que é bem
possível que esse longa caia no esquecimento por acabar desfavorecendo todo o
contexto da narrativa, mesmo com um elenco de peso, onde nomes como o já citado
Tom Hardy, além de Noomi Rapace, Gary Oldman, Joel Kinnaman, Vincent Cassel,
Fares Fares, Jason Clarke e Charles Dance.
Responsável pelo bom Protegendo o Inimigo, o sueco Daniel
Espinosa decepciona na direção. Ele conduz a obra de forma quadrada e nada
original. A fotografia, a trilha, a montagem. Tudo passa a sensação de que já
foi visto milhões de vezes na telona. Dentre os pontos positivos, destacam-se a
direção de arte e os figurinos. A ambientação é realmente bem-feita. E ainda existem
duas cenas de ação no filme que valem o destaque, pois roubam os eternos
momentos maçantes da narrativa que não engata.
Crimes Ocultos não alcança as ambições de ser um estudo de
personagem ou de analisar como uma investigação clandestina como a aqui
retratada pesa sobre os envolvidos – para isso seria necessário que o filme se
importasse com seus personagens e suas motivações. No fundo, o longa tinha
espaço e oportunidades de sobra para não se tornar tão oco e enfadonho, mas
infelizmente conseguiram nos apresentar um thriller dramático sem uma espinha
dorsal empolgante e com um amplo espírito criminal ou social, que de tal modo,
poderia desencadear num resultado final pouco merecedor de elogios, que coloca
em evidência algumas más opções que foram tomadas por figuras que são
conhecidas por já terem feito papéis melhores.
Se vale ou não a pena? Bem eu diria, se você não estiver
fazendo nada e esbarrar com esse longa na sua programação diária, não será a
pior coisa do mundo, mas quem gosta de história pode convencer por pegar uma
intriga sociopolítica profundamente curiosa que nos retrata de um ponto de
vista ligeiramente diferente o clima de insegurança que se vivia no auge
ditatorial da União Soviética de Joseph Stalin.
Nota: 5.8
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