quarta-feira, 24 de junho de 2015

Crítica – Owari no Seraph (1ª temporada)



Cenário pós-apocalíptico, vampiros, um protagonista impulsivo e movido pela vingança. A primeira impressão que Owari no Seraph nos passa é que ele não trará nada de novo em sua plot. Aposta arriscada em gêneros clichê? Provavelmente. Mas o que poderia torná-lo um dos animes mais vistos e populares desta temporada de primavera?

O primeiro episódio do anime nos situa numa Terra em que 90% da população mundial acima dos 13 anos de idade é dizimada por um vírus letal e de origem desconhecida. Ao mesmo tempo em que os adultos vão morrendo, vampiros surgem na cidade e começam a atacar e sequestrar as crianças remanescentes, identificando cada uma e levando-as para um cerco desconhecido. O foco da trama está em duas personagens principais, Hyakuya Yuuchirou e Hyakuya Mikaela, eles não são parentes de sangue mas se tratam assim pelo fato de que eles e mais um pequeno grupo de crianças foram trazidos do mesmo orfanato, o que os leva a tratarem uns aos outros como a família Hyakuya (nome da senhora que cuidava deles e era dona do orfanato). Após alguns anos vivendo no cerco, que acaba por revelar-se como uma cidade vampira, as crianças são tratadas como “gado humano”, fornecendo o próprio sangue como alimento. Cansados de viverem sob o controle dos vampiros, Yuu e Mika armam um plano para fugir junto com sua família, mas tudo dá errado e o único a conseguir escapar é Yuu. A partir daí o anime começa uma nova fase, dando continuidade à história dos dois garotos protagonistas anos depois da fuga e trazendo mais adiante o confuso reencontro entre eles.

O anime tem sua base no mangá de mesmo nome escrito por Yamamoto Yamato e com arte de Kagami Takaya. O roteiro de Hiroshi Seko (Kill La Kill, Zankyou no Terror, Shingeki no Kyojin, outros) se mostra bastante fiel ao mangá, então pra falar de um e outro é possível fazer a mesma análise. A sensação que ficou do roteiro no final é de que toda a primeira temporada é uma preparação para a real trama que deve se mostrar na segunda temporada (que começa no 16º capítulo do mangá). O que explica muita coisa mas que deixou más impressões para os telespectadores. É muito fácil se empolgar com o anime no primeiro episódio, o ritmo é equilibrado, o clima de mistério é instigante e as expectativas sobre os próximos acontecimentos são altas. Porém, a partir do segundo episódio o roteiro vai se tornando mais lento e, apesar de ter seus momentos de ação, é extremamente mais calmo do que o mostrado no primeiro episódio pois até o episódio 4 e começo do 5 ele se encontra em cenário escolar. Esta parte também se encarrega de apresentar novos personagens, sendo que alguns deles formam o novo grupo de Yuu. Acredito que o fato do anime levar quase a metade da temporada para mudar de ritmo e introduzir personagens fez parecer que a plot não ia pra frente, apesar de eu não considerar os episódios de 2-4 como fillers. Como o dito anteriormente, Seko-san buscou ser fiel ao mangá porém o maior problema nessa decisão foi não levar em conta a diferença de ritmo em leitura e em animação. O diretor Daisuke Tokudo (Blood +, Shingeki no Kyojin, Tokyo Magnitude 8.0, outros) podia ter dado toques diferenciais para que isso não ocorresse.

No geral a direção teve um bom desempenho. O fato do roteirista e do diretor já terem trabalhado anteriormente com Shingeki no Kyojin fez Owari no Seraph ter momentos de ação muito bons e dramaticidade acentuada. Essa dramaticidade deu aos personagens reações bastante críveis, tornando suas personalidades mais interessantes e complementando o bom design feito pra cada um. Apesar disso, os mesmos pecaram um pouco em momentos de intercalar cenas. A maioria das pessoas que acompanharam o anime nesta temporada teve dificuldade em entender alguns acontecimentos que fariam sentido numa leitura de mangá, mas não em um desenho animado. Esta parte da adaptação é difícil para qualquer profissional que se coloque nessas posições de diretor e roteirista mas, devido ao currículo de ambos, as transições de cenário poderiam ser melhores e sem atrapalhar a linearidade em alguns segmentos.


                              


Acredito que o ponto mais empolgante do anime foi a arte e a animação. A direção de arte ficou nas mãos de Seiko Yoshioka (Black Rock Shooter, xxxHolic, Lupin III, outros) e o design de personagens feito por Satoshi Kadowaki, sendo os dois também muito fiéis ao mangá. O traço de Kagami Takaya teve seu valor mantido, a animação é fluida e a arte bem detalhada. O WIT STUDIO teve uma excelente equipe neste setor, mantendo seu alto padrão (mostrado anteriormente em Shigeki no Kyojin) que se tornou um diferencial entre os animes desta temporada. Os personagens e cenário ficaram muito bonitos.

A produção musical feita por Yasushi Horiguchi é um excelente suporte na ambientação. As cenas são bem preenchidas tendo ainda alguma similaridade com Shingeki no Kyojin, já que Horiguchi-san também fez a produção deste. A abertura X.U. (interpretada por Gemie) é empolgante e complementar com as cenas de ação (com uma arte maravilhosa), o encerramento é a música scaPEgoat (interpretada por Yosh) com uma melodia forte e uma animação mais parada dando bastante foco pra arte dos cenários. Ambas as músicas foram compostas por Sawano Hiroyuki, que trabalhou também compondo para Aldnoah.Zero, Shingeki no Kyojin, Kill La Kill, Ao no Exorcist e outros.


Owari no Seraph, mesmo com todos os clichês, é um bom anime seguindo o padrão shounen. Seus pontos fortes estão nos personagens enquanto indivíduos e na arte (que, diga-se de passagem, é uma das melhores dessa temporada). O que o tornou muito popular, mesmo com suas falhas de direção e adaptação.

Nota: 7.6/10
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