Agarre-se a vontade de viver, dê mais um passo, siga em
frente. Ou para o expectador agarre-se a uma almofada pois esse foi o final da
primeira temporada de uma minissérie que já deixa saudades. Quando anunciaram o
spin off de The Walking Dead, era de se imaginar algo diferente e precedente ao
carro chefe da série principal. Mas quem imaginaria ser tão digna quanto a
principal.
Em The Good Man tivemos tempo para cada núcleo se
desenvolver, o que ao final é o que se espera. E percebe-se que o nome do
capítulo que dará desfecho faz jus ao nome, pois tudo nesse final flui de
acordo com a decisão tomada por Travis no início do episódio. E termina com
ele. Aqui tivemos a invasão ao complexo, ao resgate de Nick e Liza. Pontos
sutis e importantes pipocam nessa parte. O primeiro deles é a sutileza da cena
em que o grupo de Maddy e Travis deixa sua casa e percebe uma família vizinha a
jantar como se não estivessem à beira do apocalipse. Em seguida a cena de Liza
e a doutora Exner quando se chega a conclusão de que a ajuda não virá (algo que
lembra a Lost), ou seja, para onde ir, mesmo que escape.
A construção dinâmica da cena em que Daniel Salazar caminha
calmamente até a entrada do complexo e alerta aos guardas que não gastem balas
com ele. E aponta para o exército de dois mil zumbis, que ele soltou do estádio.
Particularmente esse momento economizou tempo com diálogos inúteis partindo
direto para o que interessa, sem delongas.
Apesar de pouca participação, a cena em que Alicia e Chris
são abordados por soldados poderia ter terminado bem pior se fosse uma série da
HBO. Mas como estamos falando da AMC a cena termina com um nocaute, que deixa
no ar se eles irão ou não encontrar o grupo novamente. Quando vemos a
transformação de Travis vir à tona, quando a confiança é quebrada e uma grave
consequência do ato de confiar é violado. Pois claramente o princípio da mudança
do personagem ocorre em Cobalt, quando se põe em cheque a discussão sobre o uso
das armas. Não deixa de se levar em consideração o momento atual americano
sobre o debate da posse ou não de armas que voltou aos jornais e televisões do
país, com um novo atentado dentro de uma escola. É como se as armas tivessem
vencido a discussão, ainda que Travis tenha motivos de sobra para puxar o
gatilho.
Ao conseguir resgatar Nick e seu novo amigo de terno (Mr
Strand), o grupo liberta os presos não transformados. E a história toma rumo
graças a Strand, que possui uma casa de praia, que foi o plano de fundo para
conclusão de alguns personagens. Liza indica que ama o filho, nesse momento
percebe-se que algo não está certo. É quando Maddison a segue pelos rochedos e
ela mostra que foi mordida. Antes mesmo que a Maddy puxasse o gatilho, os roteiristas
deram essa chance a Travis para evidenciar ainda mais sua mudança como
personagem.
A primeira temporada de Fear mostra capaz de entreter, com
bons personagens, aquele drama familiar funcional, que de fato obteve sucesso
ao desenvolver seus personagens sem forçar ou abusar demais. As perguntas que
ficam são: Para onde Abigail levará nosso grupo principal? Strand é de
confiança? Podemos esperar pessoas frias e mais preparadas? Em algum momento
eles irão para o deserto? Bem teremos de aguardar uma segunda temporada, afinal
"O único modo de viver num mundo louco é abraçando a loucura".
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