Ridley Scott é um dos grandes diretores da história da
ficção-científica para o cinema. Com Alien e Blade Runner, ele colocou seu
lugar como um dos grandes gênios do cinema nesse gênero. Assim, depois de um
longo período com filmes bem fracos (destaque para o fraquíssimo Prometheus), o
diretor volta a realizar uma grande obra, digna de ser assistida.
O longa conta a mesma estória do livro: o astronauta Mark
Watney se perde da tripulação após um acidente e fica preso em Marte, após uma
expedição fracassada. Assim, ele tem que aprender e conseguir sobreviver
enquanto tenta entrar em contato com a Terra para conseguir seu resgate do
planeta vermelho.
Se deve começar analisando esse longa por dois pontos
principais: a direção e as atuações. Sobre a primeira, ela é fantástica. Ridley
Scott consegue criar uma atmosfera perfeita nos planos. A utilização de muitos
planos abertos ajuda muito para dar a dimensão da magnitude do local e no quão
pequeno os personagens são para aquela situação/aqueles lugares. Sobre a
segunda, todas são geniais. Matt Damon está em seu melhor papel da carreira.
Ele consegue passar todas as nuances e faces possíveis de Mark Watney, além de
conseguir levar bem toda a trama com seu grande senso de humor, algo que está
perfeitamente bem encaixado na obra. Além dele, o elenco conta com: Jessica
Chastain, Jeff Daniels, Kristen Wiig, Sean Bean, Kate Mara, Sebastian Stan,
Michael Peña, Donald Glover, Chiwetel Ejiofor e outros. Todos excelentes atores
e com sensacionais atuações. O grande ponto é que o erro do filme, que está no
roteiro, se baseia nesse ponto. São muitos personagens, com grandes atores e
com pouco desenvolvimento. É sabido bem pouco da história de cada um desses
personagens secundários e parece, muitas vezes, que alguns estão um pouco sem
nexo. Claro que o filme tenta dar um grande momento para cada um deles, mas de
uma forma bem subaproveitada. De resto, o roteiro é bem interessante e cumpre
de uma boa forma seu papel.
Sobre as partes mais técnicas, o longa se sai excelentemente
bem. A fotografia Dariusz Wolski é espetacular e cria toda uma ideia maior de
imersão no telão. Ela possui tons pastéis, com total sentido devido a cor de
Marte. Os efeitos visuais e especiais dão um complemento perfeito a toda a
trama. Sem dúvida, haverá indicação ao Oscar para esses efeitos técnicos do
longa. Por fim, a trilha sonora é um caso à parte. Ela possui parte diegéticas
(que tocam dentro do filme) e não-diegéticas. A parte instrumental consegue
criar toda uma atmosfera perfeita para a trama, principalmente no clímax final.
Já nas partes de músicas reais, elas se encaixam perfeitamente. Lembra uma
ideia um pouco de Tarantino, na qual a letra das músicas tem um sentido
narrativo. Destaque maior para Starman de David Bowie.
O final do longa é grandioso, essa é a melhor palavra. O
clímax cria uma tensão fantástica e, devido a toda experiência, é devidamente
recompensador. Logo depois, existe uma parte posterior que dá uma finalização
bem melhor do final anticlimático que o livro proporciona.
Perdido em Marte é um dos grandes filmes desse ano de 2015.
Ele possui tensão, ação, aventura, drama e comédia, cada um em seu ponto
essencial. Mesmo com sua falha em relação a grande quantidade de personagens
mal desenvolvidos, tudo de resto que é possível ser visto em tela cria uma
maior imersão e senso de felicidade ao assistir o longa.
Nota: 9,0/10
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