Bandas de grande sucesso acabam sempre investindo em
documentários. Essa ida ao cinema para uma demonstração de algo diferente acaba
entrando, muitas vezes, no comum, principalmente no meio indie. A grande banda,
uma das melhores da atualidade, Arcade Fire, já havia investido em “Mirror
Noir”, que contava sobre a gravação do segundo álbum de estúdio do grupo: Neon
Bible. Agora, eles vêm com algo completamente novo, diferente e totalmente
Arcade Fire.
O longa documental foca basicamente na estória e nos
bastidores da criação do último trabalho da banda: o álbum Reflektor. Foca na
maneira de criação, na interação entre os membros e em alguns shows que
rondaram durante o tempo dessa produção.
Se pode começar uma análise desse filme coma direção de
Kahlil Joseph (seu primeiro filme como diretor). Ele utiliza uma estética
totalmente louca e inesperada de se observar em qualquer documentário comum,
mas como se trata de uma das bandas mais diferentes e inovadoras da última
década, não é de se esperar muito diferente. Ele utiliza muitos contrastes de
luz, cor, passagens do colorido para o preto e branco e etc. Uma verdadeira
alucinação.
Se segue com o roteiro, que é extremamente confuso. Ele não
sabe direito para onde e no que quer focar e, em muitos momentos, perde
bastante tempo em situações que o espectador poderia ver mais sobre o processo
criativo do álbum. Aliás, esse é um ponto extremamente falho do longa: pouco
abordar a criação de Reflektor. Ele foca em alguns momentos na viagem para o
Haiti e a Jamaica que a banda realizou em busca de novos sons, na utilização de
estilos híbridos, na frase de livro que serve um pouco para a filosofia em
torno da obra e outros, mas de maneira muito curta e simples. Seria muito mais
interessante acompanhar algumas cenas sobre o trabalho artístico nas letras e
na melodia, do que simplesmente algumas músicas de outros Cds em determinados
shows.
Nas partes mais técnicas, a edição de som é talvez o grande
destaque de todo o longa. A utilização da trilha sonora de músicas da banda é
utilizada de uma maneira bem inteligente e buscando o espaço máximo da sala de
cinema, com o poder de todas as caixas de som. Os cortes nas vozes e nos
instrumentos, em alguns momentos, também cria uma atmosfera interessante. O
grande problema nesse ponto é a não utilização de uma música completa da banda,
é visível a falta que faz. A fotografia também possui um trabalho bem
interessante, principalmente na utilização das cores, como citado acima. Além
disso, a construção dos planos mais para o final do longa, criam uma atmosfera
bem interessante.
Após a exibição do filme, uma pequena entrevista realizada
com 3 integrantes do conjunto musical (Win Butler, Regine Chassagne e Richie Perry) dá um maior entendimento para o toque que quiseram realizar nesse filme.
Explicam a utilização de certas cenas e a loucura, principalmente
protagonizadas por Win, em outras. Serve como um perfeito complemento e para um
aprecia mento melhor dessa obra.
“The Reflektor Tapes” é um dos documentários mais diferentes
realizados com bandas. O Arcade Fire consegue inovar para onde quer que vá,
seja na música ou no cinema ou numa mistura dos dois, algo devidamente
impressionante. Apesar disso, essa inovação nem sempre vem em um caminho que os
fãs da banda, nem que um documentário muito bom poderia levar. Definitivamente
o espírito de “Reflektor” não apareceu
aqui.
Nota: 6,1/10
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