quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Review Doctor Who S9x04 – Before The Flood



Fantasmas à bordo numa instalação de minério subaquática, nada mais justo para mais um cenário aventuroso para o Doctor e sua companion Clara. Em Under The Lake tivemos a chance de presenciar o desenvolvimento da maturidade em que se encontra a relação do 12º Doutor com Clara, portanto nesse desfecho de arco temos a reflexão sobre a mortalidade.
Toby Whithouse é o homem por trás do roteiro desse arco, o que antes de mais nada é seguro dizer que ele cumpriu o que prometeu no capítulo anterior. Tivemos uma sólida base no drama e personagens que se desenvolveram e foram relevantes do início ao final do arco. Before The Flood conseguiu encerrar de maneira cirúrgica e pontual cada detalhe que abrangeu, interligando os pontos, não obstante, acrescentando alguns que serão utilizados depois.
Uma das maiores conquistas desse arco está na primeira cena deste episódio, onde Peter Capaldi quebra a quarta barreira, dialogando com o público sobre sua estratégia, que um dia fez história. Após viverem uma série de aventuras Clara e o Doutor agora devem procurar entender o que houve antes da inundação. Enquanto Under The Lake foi um capítulo voltado ao quase horror pela ameaça fantasmagórica, Before The Flood possui uma atmosfera sci-fi, quando observamos o Doutor criar uma intervenção na linha temporal. Quando um acontecimento não poderia acabar diferente da forma que começou. Ou seja, temos o famoso Paradoxo de Bootstrap como centro da questão. Em que a pergunta desferida no início do episódio serve de exemplo perfeito para o desenvolver da trama: “Quem, de fato, compôs a 5º Sinfonia de Beethoven? ”
Constituída com bastante competência é notável a dinâmica do elenco para com a conclusão do roteiro. Onde o episódio 4 ocorre antes do episódio 3; entretanto, os eventos do episódio 4 só foram possíveis porque o Doutor os viu acontecendo no episódio 3. Por essa razão a coerência com o exemplo de Beethoven veio tanto a calhar para o meio narrativo.
Volto a pontuar sobre o espaço para a linguagem de sinais, na personagem Cass (Sophie Leigh Stone) oferecendo um papel de respeito. Pois aqui vemos momentos que ela teve sem a presença do tradutor Lunn (Zaqi Ismail). Onde apenas Cass e Clara estão presentes em cena, sem legenda para o que Cass tenta passar como informação. Isso demonstra o lado humanitário que vale a pena ser mencionado, por demonstrar solidariedade e a consciência de que a linguagem dos sinais é uma língua como nenhuma outra. Isso mostra como Doctor Who é uma série sem medida, por esses e outros detalhes que desperta sua magia e interesse do público.
Vale lembrar sobre a participação de Corey Taylor, vocalista da banda Slipknot e Stone Sour, que fez com propriedade o urro do Rei Pescador (Fisher King). Onde temos mais dois papéis, um para um suit actor vestir o figurino da criatura e outro para dublagem da mesma. Em outras palavras, três pessoas para apenas um personagem, o que demonstra a qualidade da equipe de produção. Sem mencionar a cena em que o vilão com seu design bárbaro tem um diálogo com o Doutor, de forma imponente e ameaçadora desferindo frases como: “Você ainda está preso na sua história, ainda protegendo o tempo como um escravo. Disposto a morrer ao invés de mudar uma palavra do futuro. ” Traz uma beleza estética impressionante, tornando este um dos melhores takes do capítulo.

A abertura na versão rock foi outro fator determinante para mais um detalhe que colaborou para um episódio bem dirigido, tremendamente bem escrito, inteligente e ao mesmo tempo um pouco angustiante. Before The Flood deu uma aula sobre cinema, mudando a locação, alternando entre uma fotografia destoante para uma mais sensitiva. Certamente um arco a ser lembrado, pela sua supremacia na forma de construção e finalização. 
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