Nada como, Leatherface, personagem cuja máscara está entre
um dos mais variados ícones de fantasias no Halloween e cosplays em todo mundo.
Bem essa semana final de Outubro nós do Senta aí que já vem história resolvemos
postar algumas críticas sobre mídias que trabalharam e trabalham com terror.
Seja esta cinematográfica, série, HQ ou livro.
Aos cinéfilos e amantes de terror é um ritual ter O
Massacre da Serra Elétrica em sua lista, como um dos longas mais impactantes do
gênero. Lançado em 1974, pelo não tão conhecido na época, diretor Tobe Hooper,
na qual se encontrava em seu princípio de carreira, o filme era seu segundo
trabalho. Hooper posteriormente viria a dirigir o famoso Poltergeist, quase 8
anos depois. Assim como Psicose, O Massacre da Serra Elétrica veio para fincar
a bandeira de uma nova fase do horror no cinema.
Baseado na vida de Ed Gein, o assassino cuja carnificina já
havia roubado as telas do cinema através do enigmático Norman Bates, e que
voltaria em outras fase da vida (Psicose II,III e IV), além de inspirar, ao
longo dos anos assassinos fictícios, tal como Buffalo Bill de O Silêncio dos
Inocentes. O que há de simplista nessa película, há de admirável, por ser uma
obra de alta qualidade, ao passo que, o orçamento da produção foi extremamente
baixo. Sem mencionar, a falta de experiência de Hooper em longas-metragens e
atores com pouca ou nenhuma experiência no elenco.
Ao demonstrar o horror de forma crua, gráfica e chocante
foi preciso muita criatividade. Essa que foi a responsável por dar vida ao
macabro cenário da casa de Leatherface e sua família, a fotografia atiça a
mente dos espectadores para as mais diversas reações e interpretações da
película. Por incrível que pareça há quem veja Leatherface e sua família como
uma sátira ao governo americano, o perigo mascarado dilacerando pessoas, além
de outras coisas inimagináveis tanto abertamente, quanto às escondidas. Vale
lembrar que a Guerra do Vietnã estava em seu penúltimo ano e o Caso Watergate
permanecia na memória recente do país. O que dá para imaginar o impacto desta
obra para o povo americano nos anos 70.
O roteiro ficou por conta de Kim Henkel ao lado do próprio
Hooper, que souberam esmiuçar uma produção que já estava fadada pelo baixo
orçamento, afim de usar dos elementos que a natureza humana possui em seu âmago
como ossos, sangue, surto, o bizarro, de fato um reflexo barroco da sociedade
americana. Por isso o longa é capaz de demonstrar um lado medonho, e
infelizmente real em partes, a sua violência oculta, nesse caso principalmente,
o modo como a mulher se torna alvo favorito desse tipo de atitude.
Um ponto que conclama o uso da natureza humana vista em seu
limite das situações de perigo é o da personagem Marilyn Burns, que ganha
destaque aterrador na reta final da trama. Uma experiência foi feita no dia de
exibição para uma plateia selecionada e, no final, perguntaram qual era a coisa
mais assustadora do filme na opinião daqueles espectadores. Mais da maioria
respondeu que tiveram mais “medo” de Marilyn Burns e sua série de torturas,
captura, fuga, gritos e olhos esbugalhados em primeiríssimo plano na tela do
que do próprio Leatherface e sua família.
Nos dias atuais vemos como a trilha sonora pode fazer de
uma película uma obra de arte esplendorosa. No entanto, quando existe a quase
inexistência da mesma, o resultado em O Massacre da Serra Elétrica foi digno de
aplausos. Tobe Hooper buscou alternar as cenas de horror psicológico, gore e
semelhantes criando uma atmosfera visual dinâmica, não obstante, inovador para
época da forma como foi trabalhado. Adicionando, como complemento, sons do
ambiente. Os momentos que ouvimos uma ‘música chocante’ são curtos, comparados
a maioria dos filmes de terror, mas quando esta surge, faz um serviço veloz de
contexto fúnebre para então dar lugar ao som infernal da motosserra. Os gritos
alucinantes de Marilyn Burns, sons de animais, portas e pisos rangendo.
Trata-se de uma edição e mixagem de som em parte dialética, o que em parte
demonstra ser não realista, mas como produto final possui um imenso impacto
sobre o público.
Compreende-se como um longa de baixo orçamento realizado
por artistas fora do glamour hollywoodiano. O Massacre da Serra Elétrica logo
tomou forma como um marco no gênero horror. O filme tem sim seus problemas no
roteiro, no que diz respeito aos diálogos iniciais e em seu desenvolvimento,
com exceção da parte final. Cambaleia na direção, por ser o segundo trabalho de
Hooper como diretor, entretanto, é inquestionavelmente uma obra notória no meio
cinematográfico.
Nesta película foram lançadas as sementes do tipo mais cru
de terror, um formato que em maior ou menor intensidade já era visto nos filmes
B e em obras que optavam por um outro tipo de medo como o de O Bebê de Rosemary
(1968), porém a partir de seu enorme sucesso passou-se a flertar com os grandes
estúdios vindo a se tornar uma franquia, um verdadeiro modelo de susto
pré-definido na sua mais pura essência. O medo que investe na degradação dos corpos,
da mente e da alma. A fuga, embora fosse uma opção, nunca era a melhor opção,
pois a morte horrenda já estava estabelecida como aceitação como moral para o
gênero.
Nota:
9,0
Esse filme é uma crítica a matança de animais. É só ver que a tal família considera e trata os seres humanos morto como animais. Peduram eles em ganchos, colocam em freezers e fazem linguiças deles. O mesmo que acontece num matadouro.
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