Livros com a temática de espaço são feitos em grande
quantidade, de pessoas perdidas também, mas esses dois elementos juntos sempre
foi um elemento bem pouco utilizado. Ele ocorre geralmente no meio de obras
para caracterizar algum personagem ou um resgate. Assim, Perdido em Marte vem
como uma obra diferente do que se vê atualmente. Um ficção-científica com muita
realidade científica e muita diversão.
O livro conta a estória de Mark Watney, um botânico que vem
junto com sua tripulação para uma exploração de Marte. Após uma tempestade de
areia, ele se vê preso e é dado como morto. O grande problema é que Mark está
vivo e precisa agora sobreviver no planeta vermelho em busca de realizar
contato com a Terra e ao mesmo tempo dar um jeito de continuar a viver.
O escritor Andy Weir é um grande achado da literatura
ficcional atual. Poucos são os escritores que conseguem passar a tensão tão bem
em cenas, muitas vezes, tão simples. O mais interessante disso é que esse é o
primeiro livro longo do autor! Além disso, ele consegue criar a apatia logo de
cara com o grande protagonista do exemplar com um fato extremamente inusitado:
pelo seu humor. Mark é um personagem extremamente engraçado e se utiliza disso
como fonte de não acabar pirando nessa situação e também como uma forma de
divertimento pessoal que ele possa ter. É interessante observar também que
Watney busca voltar para a casa pelo fato de realmente permanecer vivo, pois
não tinha ninguém que lhe esperasse (no livro ele cita sua família, mas é mostrado de uma maneira bem fraca), algo até de certa forma parecido com o filme
“Gravidade”. A escrita nas cenas de maior calmaria também é fantástica devido
ao grande detalhamento. Muitos termos científicos são utilizados, um por cima
do outro, mas são de maneira concisa, criando uma certa ideia de sentido para a
utilização destes. Apesar disso, é inevitável para os leitores com pouco
conhecimento nessa área científica procurarem certos termos e siglas no Google.
A obra tem alguns problemas que afetam muito a maneira da
leitura geral. O primeiro ponto é a grande quantidade de situações na qual ele
se salva de maneira muitas vezes fácil demais. É possível compreender um pouco
mais esse fato devido ao senso de perigo total que o protagonista passava (ele
poderia morrer facilmente em qualquer erro), mas nada impediria que certos
erros, falhas e consequências delas ocorressem e sejam sentidas no decorrer da
narrativa. Em segundo lugar, vai em relação a ele ter se mantido estável
durante a jornada do roteiro. Esse fato pode ser explicado pela comédia e
atividades na qual ele realiza que ajudam a manter a sanidade, mas, mesmo
assim, o tempo é muito grande e isso não se explica tão bem. Por último, o
final. O livro tem um final totalmente anticlimático, após uma grande cena.
Isso pode gerar divergências, mas a maioria dos leitores não deve curtir tanto.
Falando positivamente do final, ele tem um grande acerto: um
dos grandes clímaces que qualquer um poderá ler. Toda a tensão impregnada é
simplesmente brilhante e é impossível não parar de virar as páginas. O grande
ponto é esse: quando se espera o algo a mais, a estória simplesmente acaba.
O livro foi lançado pela Editora Arqueiro ao preço de 39,90.
O preço de capa é um pouco caro e é mais recomendável uma leitura por e-book,
pois o preço fica mais em conta. A edição é bem caprichada e sem erros de
tradução. Minha nota vai apenas para a Editora Arqueiro que, após o filme
começar a chamar atenção, colocou à venda apenas os exemplares com a capa do
filme e parou de fabricar a normal, que é bem mais bonita.
Perdido em Marte é um dos livros mais tensos, instigantes e
interessantes dos últimos anos, apesar de não ser um excelente livro. Tem seus
vários e vários acertos, mas seus erros abalam um pouco numa leitura melhor.
Andy Weir ainda tem um grande caminho pela frente, mas precisava arriscar mais
nesse, algo que ele não fez, mas vale muito a leitura.
Nota: 8,4/10
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