O mais novo longa adaptado da série Divergente de Veronica
Roth traz uma continuação direta do primeiro filme. Sugere um investimento
maior nos cenários de ficção científica pós-apocalítica, os figurinos
notoriamente mais elaborados, além dos hologramas e a computação gráfica. A
velha ambientação futurista devastada está presente para representar o aclamado
conceito de distopia, com suas formas atípicas de controle de sociedade. Porém,
não chega a ir além do que uma parábola para o adolescente no século 21.
Símbolo da revolução (Tris) contra símbolo da tradição
(Jeanine); esse segundo filme pode ser definido por esta frase, pois não perde
tempo para explicações apenas deixa claro que estamos em um cenário futurista,
dividido em facções. Se você se enquadra em mais de um grupo, é considerado um
divergente, e precisa ser eliminado por representar um perigo ao sistema.
Somente disso que você precisa saber.
Shailene Woodley como Tris agora corta o cabelo para mais
curto, como nos filmes de guerra, maneja armas de fogo como qualquer homem ao
seu redor e supera testes dificílimos de realidade virtual, como Neo em Matrix
(aliás, esta parece ser a maior referência de Insurgente). Em Insurgente Tris,
Quatro e alguns membros da Dauntless (os corajosos) são fugitivos. A rebeldia
da divergente toma forma e encontra voz, quando facções como Candor (os
honestos) começam a se questionar sobre os atos cometidos da Erudite (os
inteligentes). A questão é que o inconformismo de seus personagens não se
traduz cinematograficamente, ou seja, não passa de boas intenções.
A ação programada do diretor Robert Schwentke para esse
segundo momento foi a saída usual com mais chance de atrair o público que não
leu ou assistiu o primeiro longa. Aqui vemos Tris se tornar a heroína de ação que
merece, visto que no primeiro filme ela era apenas a menina que precisava
evoluir da infância para adolescência, aqui pode-se dizer que ela deve lidar
consigo mesma, com quem ela realmente é.
O filme peca em sua trama por se tratar de uma distopia em
que requer uma expansão maior sobre o assunto tal como se refere. Ok é um filme
adaptado de um livro para jovens adultos. Mas justamente por isso. Os
personagens são outro problema, aliás, personagens esses que dificilmente
demonstram qualquer traço de personalidade. Por vezes até complicado
identificar alguns deles. Nesse quesito o único que demonstra presença é Peter
de Miles Teller, que volta e meia criava situações de conflito com Tris.
As cores frias impostas no cenário deviam servir para os
personagens se conectarem mais com elas a trazer uma atmosfera com mais dúvida
e questionamentos. Mas ao invés disso os mesmos personagens que deveriam se
conectar com elas passeiam pelas explosões e nas cenas de tensão que mais
parecem cômicas deixam de completar o clima.
O elenco de modo geral até tenta ir mais além de suas
atuações como a própria protagonista ao lado de seu par romântico Quatro (Theo
James) tentam demonstrar, mas não passam o carisma de suas razões de ser.
Arrisco dizer que “Insurgente” é um grande desperdício de grandes nomes de
Hollywood - Kate Winslet que o diga. Como a vilã Jeanine ela chega a discutir
seu plano maléfico consigo mesma, em um ato clichê dos vilões, que
particularmente não acrescenta nada se for superficialmente. Naomi Watts,
apesar de mais à vontade em seu papel como a líder sem facção Evelyn. Segundo
ela para sobreviver na era dos divergentes é preciso se desprender das velhas
regras da sociedade. Entretanto, faltou um aprofundamento maior em sua
personagem para entendermos melhor sobre seu passado.
A hipérbole na ação tentou disfarçar o roteiro raso e seus
personagens superficiais a ponto da computação gráfica fazer seu trabalho
notório melhor que no primeiro filme. Ao público que não acompanha a série e
estão procurando ação pode vir a calhar, mas francamente a menos que você seja
fã da série dos livros escritos Veronica Roth, “A Série Divergente: Insurgente”
provavelmente não será sua a melhor experiência nas salas de cinema esse ano.
Nota: 6,0
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