segunda-feira, 23 de março de 2015

(Crítica) A Série Divergente: Insurgente



O mais novo longa adaptado da série Divergente de Veronica Roth traz uma continuação direta do primeiro filme. Sugere um investimento maior nos cenários de ficção científica pós-apocalítica, os figurinos notoriamente mais elaborados, além dos hologramas e a computação gráfica. A velha ambientação futurista devastada está presente para representar o aclamado conceito de distopia, com suas formas atípicas de controle de sociedade. Porém, não chega a ir além do que uma parábola para o adolescente no século 21.
Símbolo da revolução (Tris) contra símbolo da tradição (Jeanine); esse segundo filme pode ser definido por esta frase, pois não perde tempo para explicações apenas deixa claro que estamos em um cenário futurista, dividido em facções. Se você se enquadra em mais de um grupo, é considerado um divergente, e precisa ser eliminado por representar um perigo ao sistema. Somente disso que você precisa saber.

Shailene Woodley como Tris agora corta o cabelo para mais curto, como nos filmes de guerra, maneja armas de fogo como qualquer homem ao seu redor e supera testes dificílimos de realidade virtual, como Neo em Matrix (aliás, esta parece ser a maior referência de Insurgente). Em Insurgente Tris, Quatro e alguns membros da Dauntless (os corajosos) são fugitivos. A rebeldia da divergente toma forma e encontra voz, quando facções como Candor (os honestos) começam a se questionar sobre os atos cometidos da Erudite (os inteligentes). A questão é que o inconformismo de seus personagens não se traduz cinematograficamente, ou seja, não passa de boas intenções.
A ação programada do diretor Robert Schwentke para esse segundo momento foi a saída usual com mais chance de atrair o público que não leu ou assistiu o primeiro longa. Aqui vemos Tris se tornar a heroína de ação que merece, visto que no primeiro filme ela era apenas a menina que precisava evoluir da infância para adolescência, aqui pode-se dizer que ela deve lidar consigo mesma, com quem ela realmente é.
O filme peca em sua trama por se tratar de uma distopia em que requer uma expansão maior sobre o assunto tal como se refere. Ok é um filme adaptado de um livro para jovens adultos. Mas justamente por isso. Os personagens são outro problema, aliás, personagens esses que dificilmente demonstram qualquer traço de personalidade. Por vezes até complicado identificar alguns deles. Nesse quesito o único que demonstra presença é Peter de Miles Teller, que volta e meia criava situações de conflito com Tris.

As cores frias impostas no cenário deviam servir para os personagens se conectarem mais com elas a trazer uma atmosfera com mais dúvida e questionamentos. Mas ao invés disso os mesmos personagens que deveriam se conectar com elas passeiam pelas explosões e nas cenas de tensão que mais parecem cômicas deixam de completar o clima.
O elenco de modo geral até tenta ir mais além de suas atuações como a própria protagonista ao lado de seu par romântico Quatro (Theo James) tentam demonstrar, mas não passam o carisma de suas razões de ser. Arrisco dizer que “Insurgente” é um grande desperdício de grandes nomes de Hollywood - Kate Winslet que o diga. Como a vilã Jeanine ela chega a discutir seu plano maléfico consigo mesma, em um ato clichê dos vilões, que particularmente não acrescenta nada se for superficialmente. Naomi Watts, apesar de mais à vontade em seu papel como a líder sem facção Evelyn. Segundo ela para sobreviver na era dos divergentes é preciso se desprender das velhas regras da sociedade. Entretanto, faltou um aprofundamento maior em sua personagem para entendermos melhor sobre seu passado.

A hipérbole na ação tentou disfarçar o roteiro raso e seus personagens superficiais a ponto da computação gráfica fazer seu trabalho notório melhor que no primeiro filme. Ao público que não acompanha a série e estão procurando ação pode vir a calhar, mas francamente a menos que você seja fã da série dos livros escritos Veronica Roth, “A Série Divergente: Insurgente” provavelmente não será sua a melhor experiência nas salas de cinema esse ano.


Nota: 6,0
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