Os filmes brasileiros mais recentes têm melhorado bastante.
Seja no dinheiro investido, seja no roteiro, é notável a melhora (sem contar os
filmes de comédia da Globo Filmes). Assim, Ponte Aérea segue essa tendência e
se mostra como uma grande surpresa. O longa conta a estória do carioca Bruno
(Caio Blat) e da paulista Amanda (Letícia Colin), que após o adiamento de um
voo do Rio de Janeiro para São Paulo se conhecem no hotel. Após passarem juntos
a noite, eles acabam se desencontrando, já que Bruno vai mais cedo embora.
Apesar disso, eles voltam a se reencontrar e começam a se apaixonar, mesmo com
a grande dificuldade da distância.
Os pontos positivos
começam nas atuações, destacando totalmente do casal principal. Letícia e Caio
fazem um trabalho fantástico e a química entre os dois torna tudo mais real e
devidamente verdadeiro. Seguindo com a brilhante direção de Júlia Rezende. Ela
consegue jogar o espectador por dentro de toda a trama e nos sentimos
devidamente conectados com cada um dos personagens. O roteiro também deve ser
devidamente comentado. Muito bem trabalhado e com excelentes diálogos, isso
tudo sem sentir expositivo e deixando a narrativa fluir perfeitamente.
Na parte técnica, deve se salientar a linda fotografia e a
trilha sonora. O primeiro, sempre trabalhando a questão das cores e ajudando a
formar lindíssimos planos que salientam para ditar o clima das duas cidades em
que a estória se passa. Já o segundo, compõe lindamente o que acontece durante
a linha narrativa. Deve ser falado também, mas pelo lado negativo, sobre a
edição e o ritmo do longa. Os dois compõem para que a 1h40min de filme pareçam
durar bem mais. Além disso, a edição parece bem preguiçosa em algumas partes, o
que nunca é bom.
O filme possui um final fantástico e totalmente anti-clichê.
É totalmente inesperado e ao mesmo tempo perfeito. Se encaixa com toda a
melancolia e, muitas vezes, tristeza passada no decorrer da estória.
Por fim, é necessário dizer sobre as cenas de sexo. Elas
acontecem algumas vezes e entram com uma função de roteiro extremamente
inteligente, para demonstrar a aproximação dos dois. A direção de Júlia ainda
salienta mais todo o amor impregnado entre os dois. Essas cenas acrescentam
ainda mais para toda a qualidade do filme. Em tempos de 50 tons de cinza, fazer
algo diferente e bem feito com sexo, não é fácil.
Ponte Aérea se demonstra como uma das grandes surpresas do
ano. Com belas atuações, um belo roteiro e uma perfeita direção, mas com
algumas falhas técnicas, o longa se demonstra ser muito mais do que
aparentaria. Para todos que criticam filmes nacionais, vejam esse e mudem sua
opinião.
Nota: 8,1/10
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