Sempre fui e sempre serei fã de autobiografias. Acho que
essas sempre passam um sentimento belo e muito sincero de certas experiências
pessoais do autor, independe de certas modificações para melhorar ou piorar a
estória. Assim, a HQ “Pílulas Azuis” de Frederik Peeters se fundamenta na vida
do autor e no amor.
“Pílular Azuis” fala
sobre Frederik, um homem que busca o amor na vida e encontra ele em Cati. A
grande situação é que Cati possui o vírus HIV, ou seja, possui Aids, igualmente
como seu filho pequeno, que teve o vírus transmitido pela mãe. Assim,
acompanhamos a jornada de amor e luta conta o preconceito interno e externo com
os dois.
Para começar, é importante relatar que essa HQ é uma das
coisas mais lindas que muitos poderão ler na vida. Ela retrata o amor na sua
essência e, apenas nisso, o quadrinho já te ganha com muitas forças, mas, mesmo
sendo bem difícil, vamos deixar a passividade de lado e falar um pouco sobre os
pontos positivos dessa bela narrativa.
Começando com o roteiro inspirado em fatos reais, como dito
anteriormente, simplesmente fantástico de Peeters. O escritor consegue criar
uma identificação sensacional com cada um dos personagens, assim te cria uma empatia
logo imediata com cada um. Aliás, a parte final que “fecha o arco” deles na
narrativa, é belíssima e te faz ter um novo suspiro pessoal. É realmente
difícil não chorar. A maneira contada pelo narrador, por se tratar de algo real
ajuda, conecta muito com cada um e cria reflexões sobre a realidade
imediatamente.
Os desenhos, de Frederik Peeters também, criam uma realidade
muito clara. O preto e branco ajuda a esse senso de real ficar bem realizado
durante todas as 206 páginas. O traçado do autor é bem grosso, algo que me
incomodou no início, mas me acostumei no decorrer. Os desenhos dos corpos dos
personagens, com todas as falhas e belezas no rosto e no corpo de cada um, dão
um senso muito interessante e importante de realidade, algo que ajuda
absurdamente na identificação que o roteiro realiza, como dito acima. Por fim,
os enquadramentos dos planos são extremamente bem feitos e identificados de
maneira certa. Assim, facilita (e muito) na leitura.
O único ponto
negativo que pude identificar foi a quantidade de páginas. Achei que ficou um
pouco grande demais, numa HQ que não precisava. A repetição em certas situações
fazia a estória ficar em certos momentos entediante, mas a maestria no roteiro
consegue fisgar o leitor novamente para a trama bem facilmente.
A edição lançada pela
editora Nemo é complementar a beleza desse quadrinho. Uma capa que atiça a
curiosidade de qualquer pessoa e tem todo o sentido com a narrativa. Além
disso, o espaço vazio acima do nome da uma certa noção, ao ler a HQ, do
sentimento todo que ela passa. O preço de capa de 39,90 vale pela totalidade da
obra. De extra, a edição segue a última publicação do autor, com páginas
adicionais de 13 anos após a primeira.
“Pílulas Azuis” é um dos quadrinhos mais bonitos que já tive
o prazer de ler. O roteiro me emocionou diversas vezes e, com certeza, mudará
muitos pensamentos e posicionamentos dos leitores perante o vírus da Aids. Os
desenhos ajudam muito em toda a perspectiva da narrativa e tocam qualquer um.
Sabe aquelas histórias que depois de ler nos sentimos diferentes? “Pílulas
Azuis” é uma dessas.
Nota: 9,5/10
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