quinta-feira, 19 de março de 2015

Crítica: How to get away with murder


Percebe-se rapidamente que How to Get Away with Murder é uma criação da Shondaland, a série que é roteirizada por Peter Nowalk, mas tem como produtora executiva Shonda Rhimes, possuí muitas das características de outras séries da mesma produtora. As similaridades variam desde a grande diversidade do elenco até estilo acelerado da narrativa. Shonda Rhimes que ficou famosa na televisão estadunidense por realizar um dos primeiros “Blind Castings” da história televisiva em Grey’s Anatomy (técnica em que o roteirista só delimita no casting a idade e o sexo dos personagens, sendo então possível uma maior pluralidade de atores e atrizes se candidatando para o papel). Shonda repete o feito em HTGAWM com um elenco bem diverso, personagens brancos, negros, mulatos e asiáticos, além de héteros e homossexuais. Além dessas similaridades ainda existe a velocidade em que os arcos da série são construídos e movimentados dentro da temporada, característica que se encontra principalmente dentro de Scandal, outra série da Shonda. O ritmo em que a série irá movimentar os arcos é surpreendente,  e gera no espectador ansiedade para acompanhar cada episódio assim que ele sair. Claro, dentro de uma temporada com 15 episódios, existem alguns mais fracos, mas no geral a temporada é muito consistente e consegue manter o nível. O fato da série possuir apenas 15 episódios é um reflexo de que a ABC, emissora da série, vem buscando dialogar com os roteirstas numa tentativa de ter episódios e temporadas mais consistentes.
No piloto somos apresentados as principais tramas que irão evoluir ao longo de toda a temporada, começando pela pergunta  “quem matou Lila”, e “quem matou Sam”. Um grande diferencial da série é que ao invés de outras, que enrolam para responder essas perguntas, ao fim da primeira temporada você saberá a resposta para ambas. Voltando ao piloto, a série começa com um grupo de jovens na floresta decidindo o que fazer com um “corpo”, jogam uma moeda para o alto na tentativa de tomarem uma decisão, CARA eles voltam e buscam o corpo, COROA eles deixam-o na cena do crime. A cena é cortada e voltamos três meses no tempo, para o início do semestre e estamos numa sala de aula cheia de alunos, logo identificamos os jovens da floresta, Wes, Laurel, Michaela e Connor, todos sentados aguardando o começo da aula, entra Annalise Keating, interpretada pela maravilhosa Viola Davis. Annalise é considerada uma das melhores advogadas de defesa do estado da Pensilvânia e promete aos alunos um semestre difícil, no qual ela os ensinará os princípios do direito penal 100, ou como ela gosta de chamar “Como se sair impune de um assassinato”.


 O primeiro caso da semana é de um homem que foi envenenado por sua assistente com a qual estava tendo um affair, Annalise tem que defender a assistente e para isso estimula os alunos a se utilizarem de todas e quaisquer táticas para atingirem esse objetivo. Tanto Connor quanto Michaela se utilizam de métodos não éticos para conseguirem informações acerca do caso e acabam por ajudar Annalise a ganhar a causa. Esse será um recurso recorrente ao longo de todos os episódios, iremos ver todos os personagens ultrapassarem as barreiras éticas para ajudarem Annalise ganhar seus casos. A construção da “corrupção interna” dos personagens é um dos maiores prazeres narrativos da série.
 Wes, no piloto, se apresenta como o personagem mais deslocado dentro do episódio, diferente dos outros três que já aparentam estar mais confortáveis nesse ambiente caótico. Wes tenta se tornar amigo de sua vizinha Rebecca, a qual não demonstra nenhum interesse na amizade. Vemos também durante o episódio notícias de uma menina, chamada Lila, que está desaparecida. Ao fim do episódio Annalise dá a Connor um troféu por sua contribuição ao caso da semana. Esse mesmo troféu é revelado ao longo do episódio como sendo a arma do crime, e o corpo, aquele que  os quatro alunos estava discutindo sobre no começo do episódio pertence ao marido de Annalise, Sam Keating.
Tudo isso é apresentado no piloto, e a narrativa não demonstra sinais de que vai desacelerar, ao longo dos episódios descobrimos que Lila era aluna de Sam, e estava tendo um caso com seu professor. A revelação do affair é uma das melhores cenas de toda a temporada, ela ocorre no quarto episódio, onde Annalise entra em seu quarto, começa a tirar a maquiagem, remove sua peruca, olha para Sam e apenas pergunta  porque uma foto do pênis dele está no celular da menina morta. Além desse, existem inúmeros outros momentos chocantes na temporada.
Por fim, a série irá trabalhar com as lógicas episódicas e seriadas dentro da temporada. Em cada episódio um caso diferente se apresenta e Annalise busca defender seu novo cliente, ao mesmo tempo em que a história do assassinato de Lila e de Sam são desenvolvidas, sendo ambas os fios condutores da narrativa. Para isso, a série trabalha com flashforwards, revelando pedaços do que irá acontecer na noite do assassinato de Sam e flashbacks, para mostrar o que ocorreu na noite em que Lila morreu. Além disso, a série ainda irá levantar múltiplos personagens como os culpados por esses crimes, Rebecca, a vizinha problemática de Wes? Ou o namorado cristão de Lila? Somente no nono episódio saberemos quem de fato matou Sam, e o responsável pela morte de Lila só será revelado nos momentos finais do season finale, o décimo-quinto episódio. A resposta para essa pergunta vale cada segundo investido no programa.  O grande feito da série é que todos os episódios avançam a narrativa, sendo o único episódio mais fraco dentro da temporada o episódio catorze, visto que ele está construindo tensão que irá explodir no décimo-quinto, e dese modo ele acaba transmitindo a sensação de que o espectador está sendo enrolado.

Nota: 9,0/10,0
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Um comentário:

  1. Comecei assitir essa série esse ano, estava gostando bastante, mas outras séries me chamaram mais a atenção do que ela e acabei largando HTGAWM. Mas ainda quero assitir,fiquei curiosa com o que você falou.

    http://pelegrinieasociedadedoanel.blogspot.com.br/

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