Percebe-se
rapidamente que How to Get Away with Murder é uma criação da Shondaland, a
série que é roteirizada por Peter Nowalk, mas tem como produtora executiva
Shonda Rhimes, possuí muitas das características de outras séries da mesma
produtora. As similaridades variam desde a grande diversidade do elenco até
estilo acelerado da narrativa. Shonda Rhimes que ficou famosa na televisão
estadunidense por realizar um dos primeiros “Blind Castings” da
história televisiva em Grey’s Anatomy (técnica em que o roteirista só
delimita no casting a idade e o sexo dos personagens, sendo então possível uma
maior pluralidade de atores e atrizes se candidatando para
o papel). Shonda repete o feito em HTGAWM com um elenco bem diverso,
personagens brancos, negros, mulatos e asiáticos, além de héteros
e homossexuais. Além dessas similaridades ainda existe a velocidade
em que os arcos da série são construídos e movimentados dentro da temporada,
característica que se encontra principalmente dentro de Scandal, outra série da
Shonda. O ritmo em que a série irá movimentar os arcos
é surpreendente, e gera no espectador ansiedade para acompanhar
cada episódio assim que ele sair. Claro, dentro de uma temporada com 15
episódios, existem alguns mais fracos, mas no geral a temporada é muito
consistente e consegue manter o nível. O fato da série possuir apenas 15
episódios é um reflexo de que a ABC, emissora da série, vem buscando dialogar
com os roteirstas numa tentativa de ter episódios e temporadas mais
consistentes.
No piloto somos
apresentados as principais tramas que irão evoluir ao longo de toda a
temporada, começando pela pergunta “quem matou Lila”, e “quem matou Sam”.
Um grande diferencial da série é que ao invés de outras, que enrolam para
responder essas perguntas, ao fim da primeira temporada você saberá a resposta
para ambas. Voltando ao piloto, a série começa com um grupo de jovens na
floresta decidindo o que fazer com um “corpo”, jogam uma moeda para o alto na
tentativa de tomarem uma decisão, CARA eles voltam e buscam o corpo, COROA eles
deixam-o na cena do crime. A cena é cortada e voltamos três meses no tempo,
para o início do semestre e estamos numa sala de aula cheia de alunos, logo
identificamos os jovens da floresta, Wes, Laurel, Michaela e Connor, todos
sentados aguardando o começo da aula, entra Annalise Keating, interpretada pela
maravilhosa Viola Davis. Annalise é considerada uma das melhores advogadas de
defesa do estado da Pensilvânia e promete aos alunos um semestre difícil,
no qual ela os ensinará os princípios do direito penal 100,
ou como ela gosta de chamar “Como se sair impune de um assassinato”.
O primeiro
caso da semana é de um homem que foi envenenado por
sua assistente com a qual estava tendo um affair, Annalise tem
que defender a assistente e para isso estimula os alunos a se
utilizarem de todas e quaisquer táticas para atingirem esse objetivo. Tanto
Connor quanto Michaela se utilizam de métodos não éticos para conseguirem
informações acerca do caso e acabam por ajudar Annalise a ganhar a causa. Esse
será um recurso recorrente ao longo de todos os episódios, iremos ver todos os
personagens ultrapassarem as barreiras éticas para ajudarem Annalise ganhar
seus casos. A construção da “corrupção interna” dos personagens é um dos
maiores prazeres narrativos da série.
Wes, no
piloto, se apresenta como o personagem mais deslocado dentro do episódio,
diferente dos outros três que já aparentam estar mais confortáveis nesse
ambiente caótico. Wes tenta se tornar amigo de sua vizinha Rebecca, a qual não
demonstra nenhum interesse na amizade. Vemos também durante o episódio notícias
de uma menina, chamada Lila, que está desaparecida. Ao fim do episódio Annalise
dá a Connor um troféu por sua contribuição ao caso da semana. Esse mesmo
troféu é revelado ao longo do episódio como sendo a arma do crime, e o corpo,
aquele que os quatro alunos estava discutindo sobre no começo do episódio pertence
ao marido de Annalise, Sam Keating.
Tudo isso é
apresentado no piloto, e a narrativa não demonstra sinais de que vai
desacelerar, ao longo dos episódios descobrimos que Lila era aluna de Sam, e
estava tendo um caso com seu professor. A revelação do affair é uma das
melhores cenas de toda a temporada, ela ocorre no quarto episódio, onde Annalise
entra em seu quarto, começa a tirar a maquiagem, remove sua peruca, olha para
Sam e apenas pergunta porque uma foto do pênis dele está no
celular da menina morta. Além desse, existem inúmeros outros momentos
chocantes na temporada.
Por fim, a série
irá trabalhar com as lógicas episódicas e seriadas dentro da temporada. Em cada
episódio um caso diferente se apresenta e Annalise busca defender seu novo
cliente, ao mesmo tempo em que a história do assassinato de Lila e de Sam são
desenvolvidas, sendo ambas os fios condutores da narrativa. Para isso, a série
trabalha com flashforwards, revelando pedaços do que irá acontecer na noite do
assassinato de Sam e flashbacks, para mostrar o que ocorreu na noite em que Lila
morreu. Além disso, a série ainda irá levantar múltiplos personagens como os
culpados por esses crimes, Rebecca, a vizinha problemática de Wes? Ou o
namorado cristão de Lila? Somente no nono episódio saberemos quem de fato matou
Sam, e o responsável pela morte de Lila só será revelado nos
momentos finais do season finale, o décimo-quinto episódio. A resposta para
essa pergunta vale cada segundo investido no programa. O grande
feito da série é que todos os episódios avançam a narrativa, sendo o único
episódio mais fraco dentro da temporada o episódio catorze, visto que ele está construindo tensão que
irá explodir no décimo-quinto, e dese modo ele acaba transmitindo a sensação de
que o espectador está sendo enrolado.
Nota: 9,0/10,0
Nota: 9,0/10,0
Comecei assitir essa série esse ano, estava gostando bastante, mas outras séries me chamaram mais a atenção do que ela e acabei largando HTGAWM. Mas ainda quero assitir,fiquei curiosa com o que você falou.
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