sábado, 14 de março de 2015

Crítica - Mortdecai: A Arte da Trapaça




Baseado na novel Don’t Point That Thing At Me de Kyril Bonfiglioli. Mortdecai não tem uma essência humorística inteligente, nem mesmo se destaca pelas suas atuações. Difícil de acreditar quando Johnny Depp está envolvido, mas aqui vemos uma tentativa de um personagem fora do eixo e sua estranheza hiperbolicamente falando.
A história do longa nos apresenta Charlie Mortdecai, um milionário colecionador de obras de arte que faz negócio com todo o tipo de pessoa. Devido à isso, a vida do “pobre” Mortdecai sempre parece estar por um fio até que algo mágico o salve do destino fatal (Algo mágico lê-se Jock capanga de Mortdecai). Para completar ele ainda tem uma dívida exorbitante com a Coroa Britânica, e por isso aceita ajudar o MI5 a recuperar uma obra de arte roubada que pode conter uma valiosa informação sobre um tesouro nazista camuflada em sua pintura.

As falhas do filme começam pela atuação de Depp, que normalmente encantam e nos fazem rir, se divertir com o rumo que a história tomará. Mas não é o que ocorre. Sua atuação permite que o personagem fique solto demais, e sem qualquer motivação e na maioria das vezes deslocado. Fato que o mesmo é movido pelo dinheiro, não obstante, pelas mulheres, o que acaba não sendo o suficiente para tornar o enredo convincente.
O restante do elenco até demonstra espaço para vislumbres de risadas fáceis e clichês bem colocados. E nesse quesito Gwyneth Paltrow dá um show como Johanna, a esposa consumista de Mortdecai. Ewan McGregor como o policial Martland que tem um amor platônico por Johanna. E Paul Bettany como o capanga Jock também parecem à vontade com seus personagens, mas nenhum deles entrega uma atuação realmente memorável.
A fotografia brinca com as passagens de cena entre países, o que claramente poderia ter ido mais longe, à julgar que estamos falando num filme que envolve arte. A exploração das cores na ambientação passa longe de ser um fator a ser comentado. Agora, sobre a raiz do problema, bem ela se encontra no roteiro, que não só foi mal aproveitado como carece de inovação, visto que o humor sempre foi um gênero apreciado é uma pena se jogar fora algo que poderia ter sido um momento de agradáveis risadas com Johnny Depp aprontando na pele de um vigarista de gostos inusitados.

Dois pontos que poderiam fazer toda diferença. Primeiro a violência, apesar de ser um fator de quebra de clima em longas como este, aqui não passou de algo desnecessário. O que muitas das vezes foi desfavorável para o crescimento dos personagens. Segundo foi a falta de cuidado ao transferir os personagens de “Don’t Point that Thing at Me” de 1973, inseridos diretamente nos dias atuais. O que Eric Aronson (“Na Linha do Trem”) e o diretor David Koepp (“A Janela Secreta”), tentaram fazer foi nos fazer rir de algo que não tem graça se estiver fora de contexto.
Uma história com potencial e personagens que poderiam ter brilhado de verdade nas telonas, mas infelizmente os atores não tiveram seu potencial aproveitado nessa suposta comédia. E bigodes.....argh!


Nota: 2,5 
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