Baseado na novel Don’t Point That Thing At Me de Kyril
Bonfiglioli. Mortdecai não tem uma essência humorística inteligente, nem
mesmo se destaca pelas suas atuações. Difícil de acreditar quando Johnny Depp
está envolvido, mas aqui vemos uma tentativa de um personagem fora do eixo e
sua estranheza hiperbolicamente falando.
A história do longa nos apresenta Charlie Mortdecai, um
milionário colecionador de obras de arte que faz negócio com todo o tipo de pessoa.
Devido à isso, a vida do “pobre” Mortdecai sempre parece estar por um fio até
que algo mágico o salve do destino fatal (Algo mágico lê-se Jock capanga de
Mortdecai). Para completar ele ainda tem uma dívida exorbitante com a Coroa
Britânica, e por isso aceita ajudar o MI5 a recuperar uma obra de arte roubada
que pode conter uma valiosa informação sobre um tesouro nazista camuflada em
sua pintura.
As falhas do filme começam pela atuação de Depp, que
normalmente encantam e nos fazem rir, se divertir com o rumo que a história tomará.
Mas não é o que ocorre. Sua atuação permite que o personagem fique solto
demais, e sem qualquer motivação e na maioria das vezes deslocado. Fato que o
mesmo é movido pelo dinheiro, não obstante, pelas mulheres, o que acaba não
sendo o suficiente para tornar o enredo convincente.
O restante do elenco até demonstra espaço para vislumbres
de risadas fáceis e clichês bem colocados. E nesse quesito Gwyneth Paltrow dá
um show como Johanna, a esposa consumista de Mortdecai. Ewan McGregor como o
policial Martland que tem um amor platônico por Johanna. E Paul Bettany como o
capanga Jock também parecem à vontade com seus personagens, mas nenhum deles
entrega uma atuação realmente memorável.
A fotografia brinca com as passagens de cena entre países,
o que claramente poderia ter ido mais longe, à julgar que estamos falando num
filme que envolve arte. A exploração das cores na ambientação passa longe de
ser um fator a ser comentado. Agora, sobre a raiz do problema, bem ela se
encontra no roteiro, que não só foi mal aproveitado como carece de inovação,
visto que o humor sempre foi um gênero apreciado é uma pena se jogar fora algo
que poderia ter sido um momento de agradáveis risadas com Johnny Depp
aprontando na pele de um vigarista de gostos inusitados.
Dois pontos que poderiam fazer toda diferença. Primeiro a
violência, apesar de ser um fator de quebra de clima em longas como este, aqui
não passou de algo desnecessário. O que muitas das vezes foi desfavorável para
o crescimento dos personagens. Segundo foi a falta de cuidado ao transferir os
personagens de “Don’t Point that Thing at
Me” de 1973, inseridos diretamente nos dias atuais. O que Eric Aronson (“Na
Linha do Trem”) e o diretor David Koepp (“A Janela Secreta”), tentaram fazer
foi nos fazer rir de algo que não tem graça se estiver fora de contexto.
Uma história com potencial e personagens que poderiam ter
brilhado de verdade nas telonas, mas infelizmente os atores não tiveram seu
potencial aproveitado nessa suposta comédia. E bigodes.....argh!
Nota: 2,5
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