terça-feira, 10 de novembro de 2015

Review Doctor Who 9x08 – The Zygon Inversion




Nem todos os caminhos levam a um bom episódio, mas todo excelente capítulo que se preze deve possuir um bom discurso. Em Zygon Inverson vemos a magnificência do Doutor no retorno de seus tocantes e realísticos discursos sobre o bem, o mal, o perdão e o amor ao próximo. Delicadamente bem trabalhado em seus detalhes de estrutura narrativa o oitavo episódio veio para trazer uma lágrima, ou algumas (se você for emotivo como eu).
Escrito por Peter Harness em parceria com o showrunner Steven Moffat, o episódio da semana traz uma excelente conclusão ao arco, sem esquecer as discussões inicializadas sobre política e identidade de gênero, acrescentando ainda o emponderamento feminino e mostrando as diretrizes de um pacifista. Com o caos implantado no capítulo passado, agora vemos uma exímia diminuição sob esse aspecto da direção de Daniel Nettheim, o mesmo através das paletas de cores em tons azuis e da trilha sonora o clima de espionagem e militarismo bélico, sendo reforçado pelos figurinos escuros e a aparição de bazucas e ogivas nucleares.
Um dos pontos mais bem-sucedidos da trama nesse ponto, fora o discurso do Doutor, é a forma única como o roteiro trabalha na ligação de Clara com seu outro eu (Zygon), que se intitula como Bonnie. Destaque para Jenna Colemman por estar visceral. Pelas nuncias do seus olhares, postura, modo de andar e tons de voz, o expectador consegue facilmente diferenciar qual é a Clara que está em cena e qual é a Zygon disfarçada.
Vale pontuar aqui, que a 9º temporada vem sendo claramente um mergulho em situações extremas, mortais, e mais perigosas do que normalmente o lorde do tempo e sua companion estão acostumados a lidar. Fora o fato das tramas trazerem consigo fortes composições realistas, de forma a temer pelos personagens e digerir, compassadamente, a “crônica da morte anunciada” que parece permear todo o corpus dessa temporada, que finalizará com a despedida já declarada de Clara.
Outro esplêndido ponto está nas atrizes a já citada Clara, mas também em Osggod e Kate que são personagens que brilham, tomando não só suas próprias ações, como também a resolução dos conflitos, cabendo ao Doutor apenas o papel de diplomata entre as ações.
O conflito interminável possui uma justificativa bastante coerente – novamente aqui o Doutor se recorda da Guerra do Tempo e mesmo que ele tenha a memória nítida de que conseguiu salvar seu povo, suas ações nesta guerra o marcaram de forma muito forte, lembranças que talvez sejam ainda mais dolorosas após 900 anos em defesa de um planeta em The Time of the Doctor. O fato da dupla Osgood Boxes possuir o mesmo desenho da arma Moment, sem mencionar o fato de estarmos diante de uma grande crise na Terra traz tanta emoção tendo em vista o histórico do Doutor nesse instante, que o impacto com o público é grande. Pois sabemos o peso que teve a Time War e paralelo que isso pode ter, dadas as devidas proporções para a humanidade no contexto do arco.
Apesar da minha opinião sobre considerar o capítulo 2 The Witch’s Familiar um excelente episódio, é inegável o quão bem escrito e excelentemente bem dirigido foi The Zygon Invasion/The Zygon Inversion. A dispor-se de tratar de diversas camadas políticas em seu enredo com um discurso e temática perfeitamente interconectados entre os eventos que hoje marcam toda a Europa e o Oriente Médio (Estado Islâmico e Israel X Palestina) principalmente, tal qual a onda de imigrantes e refugiados no velho Continente. E com isso o fortalecimento de grupos separatistas; os grupos políticos marrons e sua ideia de purificação da população na Europa.

Um dos melhores arcos, sem dúvida da Nova Série a discutir sobre identidade, pacifismo e antibelicismo em toda trajetória de Doctor Who. Provando da diplomacia de um herói que não usa poderes ou os punhos e ainda assim consegue salvar o dia apenas usando da ciência e diplomacia.
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