domingo, 8 de novembro de 2015

Crítica – 007 Contra Spectre


O quarto longa de Daniel Crag como James Bond trouxe uma direção comprometida com cenas de ação dignas, uma fotografia que entrega excelentes cenários e closes nos rostos dos personagens. O que faltou para o quarto longa da atual franquia do agente se sustentar como produção individual foi o roteiro.
Assim como Operação Skyfall (considerado pela maioria dos críticos uma obra-prima da série), 007 Contra Spectre foi dirigido por Sam Mendes, que deve se despedir da franquia por aqui. O novo longa vem com a clara intenção de resolver questões sobre o passado do agente para começar uma nova fase. Apesar de Spectre possuir boas intenções e cenas detalhistas, faltou coragem para dar continuidade a narrativa e técnica apresentado em Skyfall.
Como mencionei o longa consegue prender o olhar graças a excelente direção de Mendes. O exemplo disso está no maravilhoso plano sequência na abertura, durante o Dia dos Mortos, na Cidade do México. O que essa introdução consegue fazer com magnificência, o roteiro consegue abafar. Pois a mesma representa os fantasmas do passado que Bond terá de lidar no filme.
Convocado por seu atual chefe, M (Ralph Fiennes, de O Grande Hotel Budapeste), Bond é colocado sob licença por causa de sua investida no México não informada e não autorizada. Politicamente, as coisas também não estão boas. O MI-6 e, consequentemente, a seção 00, estão sob ameaça após um rearranjo do serviço secreto britânico sob a coordenação de C (Andrew Scott, da série Sherlock). A ideia de C é acabar com MI-6 e com o programa 00.
A falta de aproveitamento em determinadas cenas e personagens faz o quarto filme de 007 pecar onde não deveria. Um deles está no confronto eletrizante, que faz com que Bond conheça Madeleine Swann (Léa Seydoux), filha de seu antigo inimigo, o Sr White (Jesper Christiansen). Ela é quem vai ajudá-lo a chegar até a sede da organização Spectre. A atriz francesa é a Bond Girl da vez, uma daquelas que faz jus ao título com beleza, ar de mistério, tensão dramática e uma atuação sem clichês. Mas ainda não foi desta vez ainda que teremos a tão esperada Bond Girl madura em ação. É uma pena, ela se encaixou perfeitamente no perfil de Bond Girl madura, capaz de lidar com situações de perigo e armas de fogo, mas o roteiro não lhe dá oportunidade de demonstrar seu potencial.
O grande antagonista da Spectre, Oberhauser, revela-se um tiro nuclear no roteiro quando paramos para pensar no produto do filme como um todo e em seu final. O contexto não explora a reação de Bond, a revelação torna-se inexistente sem força, algo que teria gerado um bom diálogo. Nos alertando que o triunfo da própria Spectre também não satisfaz. Apenas uma cena demonstra a maldade cirúrgica do vilão. As qualidades do roteiro advêm, na maior parte, da nostalgia dos filmes da era Connery e Moore.

O retorno a velhos moldes dos antigos filmes de James Bond trouxe algo que há muito não se via nos modernos longas do agente. Um capanga fora do padrão. E para isso a Spectre conta com o talento e tamanho de Davi Bautista encarnado no gigante Hinx, um vilão que diverte muito em meio a muita pancadaria desenfreada. Só lhe restou um fim digno, graças ao roteiro mal desenvolvido.
Para que fique claro que a edição de Lee Smith (Interestelar) neste longa fez com o que a história fosse desenvolvida de forma correta. Não há problemas neste aspecto do filme. E a trilha sonora realizada por Thomas Newman (O Exotico Hotel Marigold 2) reforça este tom mais aventuroso do longa.
O que mata 007 Contra Spectre como um veneno, está na fragilidade no roteiro, que lentamente demonstrou maus tratos em suas finalizações e diálogos. Mas é importante apontar que o diretor Sam Mendes faz uma análise interessante sobre os filmes anteriores em meio ao diálogo entre Oberhauser e Bond. Tirando qualquer dúvida remanescente de que esses longas tratam sobre morte, vida, o fracasso, o sucesso, o passado e o futuro.


Nota: 6.5/10 
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