Os filmes de boxe, depois de Rocky e Touro Indomável, acabam
sempre seguindo uma tendência. É claro que em um filme de esporte é bem
complexo não sair do senso comum, mas quando ele é usado de uma maneira
devidamente interessante e a trama toma certos caminhos bons, deve-se ser
observado. Esse é o caso de Nocaute.
O longa conta a estória de Billy “The Great” Hope
(interpretado por Jake Gyllenhaal), um lutador que segue invicto, mesmo
possuindo uma forma peculiar de atuar nas lutas, mas enfrenta problemas de
relacionamento com a filha e reclamações constantes de sua mulher sobre os a
desfiguração no rosto. Assim, após um determinado acidente que ocorre na vida
de Billy, tudo vira de cabeça pra baixo e ele precisa recomeçar.
É interessante começar a análise com os pontos mais altos do
filme: as atuações e a direção. O primeiro ponto, é a melhor coisa da obra.
Jake Gyllenhaal está sensacional de Billy e muito provavelmente levará uma
indicação no Oscar (mesmo não sendo o melhor papel de sua carreira); Rachel
McAdams interpreta muito bem a mulher de Billy e, mesmo sofrendo muito por ele,
ela passa no olhar todo amor e admiração pelo marido; Oona Laurence rouba a
cena sempre que aparece interpretando a filha. É, sem dúvidas, uma das grandes
atrizes mirins que estão surgindo; Forest Whitaker e 50 Cent também estão no
elenco (como o treinador e o empresário, respectivamente), mas, mesmo estando
bem, não eram tão necessários grandes nomes. Sobre o segundo ponto, ela é
extremamente bem realizada por Antoine Fuqua (Dia de Treinamento, Invasão a
Casa Branca), um diretor experiente e que sabe realizar um bom trabalho. Os
planos extremamente bem encaixados e passando todo o sentimento das situações,
além das cenas de luta, que levam a uma grande imersão para o telespectador.
O roteiro do longa é de Kurt Sutter. Ele realiza um bom
trabalho na utilização dos clichês. É repleto de repetições recorrentes dos
gêneros de boxe, não ache que verá algo totalmente diferente. O treinador que
bota para cima, a motivação, a caída, o lutador rival que provoca sempre, a cena
de treinamento e etc. Todos esses fatos extremamente comuns em obras sobre
boxe, mas, se bem utilizados, aumentam bem a carga que o filme quer passar e é
o caso de Nocaute. É desapontante não ver muitas coisas diferentes, mas, como
todas são bem-feitas, se torna mais desapercebido.
Sobre os outros aspectos técnicos: a fotografia tem um tom
bem sombrio e depreciativo, que combina bastante com a estória; a trilha sonora
é boa, mas nada de muito diferente; o ritmo é até interessante, mas um pouco lento
demais e muito acelerado no final, algo que não tem uma constância maior.
É importante relatar que é um daqueles longas extremamente
pesados. Por mais de 1 hora, logo após o acontecimento com cerca de 20 minutos,
é arrastado e difícil de se assistir, devido a extrema depressão e ida para
baixo na psique humana que a obra leva, mas o grande clímax é bem
recompensante, apesar de extremamente óbvio.
Nocaute é um filme de boxe que não sai muito dos clichês
comuns do gênero, mas, apesar disso, ele utiliza todos de uma maneira
interessante, o que deixa melhor a experiência. Com algumas falhas mais
evidentes se perde, mas com as atuações e a direção melhora e faz a obra, no
seu geral, ser boa.
Nota: 7,2/10
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