quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Review Doctor Who 9x09 – Sleep No More



No nono episódio o escritor Mark Gatis trouxe um ritmo completamente distinto, no qual a temporada vinha apresentando. Enquanto até o momento tivemos arcos compactuados, com seus respectivos desenvolvimentos de personagem em Sleep No More vemos que os casos da semana não dormem quando o assunto é Doctor Who.
Em uma ousada trama horripilante numa base espacial em Netuno vemos o Doutor e Clara encarar Sandman de Neil Gaiman ou quase isso. No século 38 a máquina Morfeus criada pelo cientista Rassmussen, acaba sendo a origem de toda uma questão sobre o abuso de poder. Essa máquina provoca alterações químicas no cérebro, além de, conseguir proporcionar ao indivíduo toda a experiência e benefícios de uma noite de sono em apenas 5 minutos.
A narrativa envolvida pelo terror do found footage, faz acima de tudo uma crítica sobre o poder e a influência das grandes corporações no modo de vida da humanidade, para que em segundo plano tornar-se-á um verdadeiro ensaio sobre metalinguagem ao próprio ato da criação artística.
A direção de Justin Molotnikov consegue ser eficiente ao manter o clima de suspense e tensão. Traz de forma moderna uma ponte com The Ark In Space e por tabela, com o longa Alien, o Oitavo Passageiro, e a citação da ‘Grande Catástrofe’, que ocorreu pela primeira vez em Frontios (1984) na quinta reencarnação do Doutor. A direção primeiramente ganha pontos pela linguagem visual escolhida, ao ter durante todo o episódio a trama contada através de planos subjetivos do ponto de vista dos personagens, com falhas de sinais e recortes de câmeras de vigilâncias. A palheta de cores frias e na sua maioria azulada contribui não só para o clima futurista que a narrativa pede, como também ajuda manter o clima de angústia.
O capítulo procura flertar com uma proposta experimental da câmera na mão, sob perspectiva de cada personagem. E a partir do clímax, o final “em aberto” torna o roteiro mais rico trazendo à tona um diferente tipo de interação entre expectador e obra audiovisual. A partir da bagagem cultural, social, política e religiosa de cada indivíduo uma nova e diferente leitura para a obra poderá ser proposta o que eleva o nível da discussão.
Um dos pontos altos do episódio está na riqueza ao citar o segundo ato de Macbeth de Shakspeare e a famosa gag da segunda encarnação do Doutor. Destaque para atriz Bethany Black, que vive a personagem 474, e já fez história sendo a primeira atriz transsexual em Doctor Who.
A verdade é que Justin Molotnikov transforma o texto de Gatiss em uma história sobre como fazer uma história. Com um caso natural em que se encontram o Doutor e sua companion, o mesmo cumpre seu propósito básico, com uma trama deslocada da sequência. E para os fãs de games de tiro em primeira pessoa, esse episódio ganha pontos por ter tal elemento na hora da ação, nos impedindo de ficarmos entediados.

Aos expectadores que apreciam roteiros límpidos e meticulosamente explicados não se apegarão a Sleep No More. E certamente o julgarão como um capítulo mais fraco, se duvidar o mais fraco da temporada até o momento, entretanto, ao explorar o gênero found footage com perspicácia pôde-se extrair mais de um caso da semana, do que normalmente o mesmo faria. Ao invés de apenas contar a história, terminamos com aquela dúvida se o que realmente ocorreu é real.
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