Ir em um evento de cultura nerd e pop aqui no Brasil era uma
das coisas mais complexas que poderiam acontecer antes de 2014. Pouquíssimos
eventos e muito mal organizados, na qual a maioria inclusive nem continuava. Os
eventos focados para o público de otakus eram o grande meio de arrecadação do
público nerd. Mas aí veio a CCXP, com uma ideia totalmente diferente de criar
uma experiência das grandes Comic Cons do mundo todo com um DNA brasileiro,
como os próprios organizadores do evento disseram. O público brasileiro é um
dos mais queridos pelos artistas e personalidades do mundo todo. Desde bandas,
quadrinistas, diretores e atores, é impossível não se sentir contagiado com o
carinho que os fãs brasileiros possuem. Assim, isso é a CCXP: a junção no que
tem nas Comic Cons pelo mundo, com o entusiasmo do Brasil.
Na quinta-feira, entramos mais cedo como imprensa e antes da
entrevista coletiva pudemos dar uma volta geral por todo o evento. Era cada
estande mais incrível que o outro. A Disney veio com peso com um estande bem
grande de Star Wars (com a contagem regressiva para o filme), estandes com
filmes da Pixar e uma piscina de bolinhas gigante de “Procurando Dory”. O
Netflix também veio com um estande gigante onde tinha desde karaokê com algumas
músicas das séries do canal de streaming, uma lojinha, um jogo de controle
mental do Killgrave até exposição de estandes de roupas dos seriados. Falando
em exposição, o gigante estande da Warner também estava bem interessante e teve
algumas rodas de conversa bem interessante, além de demonstrações dos figurinos
originais de Batman vs. Superman e da série de TV Arrow. O estande da FOX
também deu suas caras com um painel gigante de Deadpool e distribuição de um
pôster exclusivo do evento de X-men: Apocalypse. A Panini também deve ser
destacada com um estande imenso e muitos lançamentos exclusivos no evento (e
que acabaram bem rápido, inclusive). Por fim, é importante falar sobre o Artist’s
Alley. Talvez o lugar mais legal e bacana de andar na CCXP. Com um espaço
enorme, muito bem organizado e, pelo que foi falado de quem foi no ano passado,
muito maior. Era possível encontrar quadrinistas nacionais que queriam expor
seu trabalho, grandes nomes nacionais pelas Graphic MSP (as filas de Vitor e Lu
Cafaggi eram gigantes!), grandes nomes nacionais que fazem muito sucesso lá
fora, além dos grandes nomes internacionais que vieram para o evento como Esad
Ribic, Mark Waid, David Finch, Meredith Finch e etc. Era possível ver o grande
Sidney Gusman circulando pela área toda hora, o que deixava tudo mais pessoal e
mais divertido. Era impressionante a atenção e compaixão de todos os
quadrinistas no espaço, foi, com certeza, o lugar mais legal de todo o evento.
No primeiro dia, logo que foi liberado para a imprensa,
houve uma grande coletiva de imprensa. Foi bem interessante a quantidade de
credenciais distribuídas para blogs e canais no youtube, algo bem bacana da
CCXP realizar. Na coletiva estavam presentes para responder as perguntas os
idealizadores do grande evento. Foi falado bastante sobre o tamanho maior do
auditório principal (realizado em parceria com o Cinemark) e os menores, além
do aumento considerável do espaço e dos estandes. Além disso, foi dito sobre a
grande atenção que o Netflix deu para o Brasil, pois foi o único país do mundo
a receber um estande e painéis do canal de streaming. Por fim, falaram bastante
que a Comic Con brasileira representa um pouco da transposição e sentimento do
que se tem das do resto do mundo, mas com um DNA totalmente nacional, devido à
grande paixão que os brasileiros possuem sob tudo que amam.
Na própria quinta-feira, não consegui acompanhar direito os
painéis em nenhum dos auditórios, preferi dar uma volta maior por todo o evento
e curtir bastante, mas parei no Auditório Ultra no fim do dia para ver um
debate sobre o Flash e o Arqueiro Verde com os grandes Mark Waid e Ivan Reis,
falando um pouco sobre os dois personagens e suas passagens roteirizando e
desenhando cada um, respectivamente. Foi um ótimo painel e pode ser
extremamente divertido. O ponto negativo vai para os altos preços de comida e
de alguns produtos em determinados lugares da feira, mas nada que,
infelizmente, o brasileiro já não está acostumado.
Na sexta-feira, fui com o objetivo de tentar pegar os
autógrafos de Evangelin Lilly e depois passar o dia no Auditório Cinemark, mas,
devido a bizarra demanda de pessoas que iriam para o maior lugar do evento, fui
direto ao abrir para o Cinemark. Lá pude acompanhar um dia inteiro de grandes
painéis, mas meu destaque negativo (antes do painel da Netflix) vai para a
organização do evento. Entendo que o objetivo é passar a experiência de estar
numa grande Comic Con de fora, mas eu creio que seria muito mais acertado uma
distribuição de senhas para cada um dos painéis ou um esvaziamento a cada um
deles, pois é a feira existe e, da maneira como está hoje, fica impossível de
curti-la passando o dia inteiro em um auditório. Tirando esse detalhe, foi bem
interessante, mas extremamente cansativo acompanhar tudo em um dia. Tivemos de
início um painel sobre a carreira de John Rhys-Davies que foi uma imensa
simpatia e muito agradável com os fãs (ele nas perguntas foi andando pelo
público e levava o microfone para quem queria realizar perguntas), ou seja, um
excelente início de dia. Seguiu-se com o painel da Universal, que trouxe apenas
cenas inéditas de um lançamento chamado “A Bruxa”, mas nada de grandes coisas.
O painel de Umbrella Academy (a HQ de Gerrard Way, o ex-vocalista do My
Chemical Romance, e Gabriel Bá) chegou na sequência com uma ótima entrevista,
mas uma grande vergonha alheia dos fãs tentando falar mais sobre a música de
Gerrard do que seu trabalho nos quadrinhos. O painel dos novos quadrinhos da
Marvel Comics chegou bem interessante (principalmente pela participação dos
brasileiros que trabalham lá e estão envolvidos em grandes projetos) e com uma
grande quantidade de perguntas sobre o “abandono” da editora com X-men, foi aí
que veio o anúncio da próxima grande mega saga da editora: Apocalypse War. Na
sequência, veio o melhor do dia: o painel da Fox. Primeiro vieram as animações,
com um curta de “A era do Gelo” do esquilo e a presença de Carlos Saldanha. Em
seguida veio Steve Martino, o diretor de Peanuts, que contou sobre todo o
trabalho criativo do trabalho de animação e criação do longa, com um ótimo bom
humor. Depois mostrou 3 cenas exclusivas que estão dentro do filme. Por fim (na
parte de animações do estúdio), foram mostradas um novo trailer e cenas
inéditas de Kung-Fu Panda 3 e um novo trailer de Alvin e os Esquilos 3. Com a
parte live-action, foi mostrada um novo trailer com cenas inéditas de O
Regresso, novo filme de Iñarritu, e de Deadpool, com um trailer que só havia
sido mostrado na San Diego Comic Con, com a aparição de Stan Lee. Veio aí dois
painéis de tributos: a Frank Miller e Jim Lee. Os dois extremamente fantásticos,
bem carismáticos e atenciosos com os fãs brasileiros. Ambos elogiaram muito o amor
dos brasileiros (é bom lembrar que Frank Miller postou em seu twitter que “nos
vemos no próximo ano”). No final do dia, chegou o tão aguardado painel da
Netlfix que começou com um excelente vídeo de bastidores do filme do personagem
Cem olhos de Marco Polo, que vai estrear no fim do ano. Além disso, um trailer
inédito da continuação do longa O Tigre e o Dragão, que está sendo produzida
pelo canal de streaming, ambos já divulgados no canal de youtube do Netlfix.
Por fim nos trailers, tivemos um inédito da segunda temporada de Demolidor, com
uma luta sensacional entre Matt Murdock e Justiceiro. Depois disso, David
Tennant e Kristen Rytter foram chamados e foi começado o painel de Jessica
Jones, mas que acabou com apenas 10 minutos (algo ainda muito mal explicado). A
maioria das pessoas presentes estavam ali por David Tennant e acabar da forma
que foi, caiu na decepção (recomendo que haja a leitura do texto que o Doctor
Who Brasil escreveu sobre a situação). Mostrou-se um material inédito de
bastidores da série também, mas tudo bem agilizado. Para finalizar o dia, foram
chamados Jamie Clayton, Aml Ameen e Alfonso Herrera para falar sobre Sense8. Um
painel normal (durou por volta de 40 minutos) com excelentes perguntas,
interações e muito amor e carinho por parte dos atores. Como é Sense8, não
poderia acabar sem música e Aml puxou “One Love” de Bob Marley para falar sobre
o que sentia no Brasil.
Assim, a CCXP 2015 acabou para mim nesses dois dias. Foi a
primeira que fui e pretendendo, sem sombra de dúvidas, ir no próximo ano, mas
muitas coisas precisam ser revistas pela organização do evento, principalmente
relacionado aos painéis principais e aos preços. As filas são naturais e temos
que as entender como algo normal em grandes eventos. Valeu muito a pena ter ido
e sentido uma magia totalmente nova e muito forte. Assim, mesmo com alguns
erros que podem melhorar (é importante lembrar que foi apenas a segunda edição)
foi extremamente épico!
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