Contém spoilers
Aqui estamos no terceiro ano consecutivo do arqueiro nas
telinhas, e apesar dessa temporada ter rendido mais críticas do que pontos
positivos, os showrunners Greg Berlanti, Marc Guggenheim e Andrew Kreisberg
souberam conduzir a temporada para um final aceitável.
O terceiro ato da jornada de Oliver Queen (Stephen Amell)
como o Arqueiro se inicia com o playboy tentando viver uma vida dupla. O par
romântico com Felicity Smoak (Emilly Bett) certamente era o que a maioria dos
fãs queria ver em tela. Entretanto, não tarda para que Oliver perceba que vai
precisar de mais do que vestir um capuz e empunhar um arco para se tornar um
verdadeiro herói. O inimigo da vez é Ra’s al Ghul (Matthew Nable), que já
mencionado na temporada anterior, agora passa a ser um personagem fixo no
seriado.
Os defeitos dessa temporada em relação as outras, estão no
roteiro propriamente dito, pois faltou fluidez na condução dos episódios. A
morte de Sara, a Canário Negro nos primeiros capítulos serve de gancho para dar
início a sequência de fatos que discorrerão. O que traz a Liga dos Assassinos
para mais perto de Starling City. O desenvolvimento dos personagens nesse ato
deixou a desejar nos detalhes, a exemplo do Arsenal que pouco aparece, e quando
possui a chance de brilhar é ofuscado pelo roteiro. John Diggle demora a se
destacar, mas quando o Arqueiro começa a faltar; é quando ele entra em ação e
não pára mais. Um personagem que de fato se manteve nos holofotes. Junto com
Felicity Smoak, onde o triângulo amoroso dela com Ray Palmer (Átomo) tornou ela
mais ativa, mas ao mesmo tempo extremamente irritante. Só vindo a fazer real
diferença na season finale.
Thea Queen (Willa Holland) foi outra capaz de se
estabelecer bem na temporada, vai desde seu treinamento com seu pai Malcolm
Merlyn (John Barrowman) até seu retorno dos mortos através do poço de Lázaro,
deixando claro sua entrada oficial como Speedy. Laurel Lance (Katie Cassidy)
funcionou bem como parte da equipe assumindo o manto de sua irmã, mas no início
deixou muito a desejar, vindo a se destacar mais apenas nos últimos capítulos,
quando chega a hora dos personagens B da série fazerem um pequeno crossover com
The Flash; Cisco melhora o clássico grito da Canário Negro. Além da amizade com
Nyssa Ghul, desse ponto em diante ambas as personagens foram mais humanizadas,
ao passo que a identificação com elas se tornou mais evidente.
Os flashbacks dessa vez desconstroem completamente a
narrativa, não colaborando em praticamente nada. Com exceção de juntar a
personagem Katana no presente. Não obstante, o objetivo da A.R.G.U.S em contratar
Oliver Queen ficou sem qualquer sustento, e o desfecho disso não levou a nada
além de algo inevitável que já estava explícito desde da presença da midseason.
O retorno final do esquadrão suicida só serviu para apagar um dos vilões mais
importantes nos quadrinhos da DC, O Pistoleiro. Visto que o filme do Esquadrão
Suicida está a caminho, a série preferiu não ter duas faces da mesma moeda nas
telas, mesmo que elas tenham suas distinções. O que foi um erro.
No que diz respeito ao sucesso das séries Arrow e The
Flash, e sua sobreposição, fez surgir a ideia de Legends of Tomorrow . Como a
nova a produção foi aprovada no meio da recém finalizada temporada, os
roteiristas tiveram que inserir elementos chave de uma hora para outra, como o
Poço de Lázaro e os metahumanos que não adquiriram seus poderes através da
explosão do acelerador de partículas de The Flash. Essas mudanças talvez tenham
refletido na falta de consistência de algumas tramas, como a entrada de Oliver
para a Liga, algo que aconteceu às pressas e gerou confusão de conceitos, e a
importância de Nyssa (Katrina Law) e Ray (Brandon Routh). Isso sem falar na
saída de atores como Colton Haynes e J.R. Ramirez, que tinham papeis
importantes e precisaram ser excluídos do planejamento. Esse foi um dos grandes
fracassos dessa temporada, a falta de planejamento gerou um roteiro, que antes
era criterioso e agora, não passou de desajustado.
Os produtores fizeram questão de enfatizar, por meio de
entrevista coletivas, que a terceira temporada de Arrow encerraria um ciclo e,
ao fim dela, a série que conhecíamos já não existiria. E assim foi, com um
final de temporada que poderia servir como final de série, muitos ganchos para
o próximo ano e um vilão já declarado, Damien Darhk, líder da C.O.L.M.E.I.A,
ex-integrante da Liga dos Assassinos e o Nêmesis de Ra’s Al Ghul. A sensação, novamente,
é de que quiseram dar um fim corrido nas tramas estabelecidas para que a
próxima temporada pudesse começar ainda mais alinhada com The Flash e Legends
of Tomorrow. Dando a entender, que estão criando um universo integrado mais
coeso, no entanto não estavam preparados para isso. E uma coisa ficou clara o
novo Team Arrow com Canário Negro, Nyssa, Atom, Speedy e Diggle funciona sem o
Arqueiro. Dessa forma, a crise de identidade da série e do protagonista faz
sentido em um plano maior. Mesmo que tenha parecido errado abordá-la nesse
momento, ela serviu para colocar em ordem o que havia sido estabelecido até
agora.
Arrow encerrou seu terceiro ato como se a série de fato
tivesse terminado, o que tenho certeza que para alguns que acompanham talvez
tenha acabado mesmo depois desta. O cenário vazio que se formou, sem a figura
tão desejada do Arqueiro Verde parece ser apenas uma ideia distante.
Nota: 5.3
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