sexta-feira, 31 de julho de 2015

Wayward Pines (Crítica)


O seriado de suspense dirigido e produzido pelo Indiano M. Night Shyamalan (o diretor de “O Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”). A atração, que é baseada no livro “Pines”, de Blake Crouch, acompanha a história de Ethan Burke (Matt Dillon), um agente do Serviço Secreto que viaja para Wayward Pines, Idaho, em busca de dois agentes desaparecidos e descobre um complexo mistério envolvendo a região.
Após anos sendo reconhecido pelo seu suspense peculiar e ‘finais surpresa’ Shyamalan parece ter encontrado na TV um refúgio para seu lar de ideias criativas. Onde grandes nomes do cinema, sejam atores ou diretores, podem encontrar executivos muito ansiosos para tê-los em seus canais sob a promessa de liberdade e privilégio. Contudo, ele foi parar na FOX, onde o projeto Wayward Pines criou vida, com a premissa de uma minissérie de 10 episódios.
Tendo em vista os últimos trabalhos do indiano, mal recebidos pelo público e pela crítica, a ideia inicial da série não chamou muita atenção, a princípio. Entretanto, com o andar da carruagem, eis que somos surpreendidos, tanto pelas reviravoltas em si quanto pelo dinamismo de vários episódios e pela inventividade em termos de roteiro, que aborda uma ampla quantidade de tópicos com inteligência e filosofia.
O agente Ethan Burke (Matt Dilon), que investigava o desaparecimento de dois colegas, sofre um acidente de carro, e acaba por despertar no hospital da pequena Wayward Pines. Uma cidadezinha isolada que tem moradores aparentemente simpáticos, mas que esconde algum tipo de segredo. Pensamos logo em Twin Peaks, sobretudo porque tal qual na obra de David Lynch, a cidade é cercada daquele tipo de morador sorridente e de olhar perdido, superficialmente natural, mas cheio de uma estranheza meio assustadora. Paralelamente iremos acompanhar a investigação da esposa de Ethan e seu filho, acerca do desaparecimento do homem. Enquanto que em Wayward Pines presenciamos um thriller a beira do surrealismo, tanto na paranoia que estimula Ethan e em nós, quanto por seu ritmo acelerado.
Nos quatro primeiros capítulos o trabalho de suspense vem sendo construído de forma satisfatória e beneficente ao que a série propõe. O que passa a contar à partir do episódio cinco são as atuações. O bom trabalho do elenco passou a ser primordial. Toda a desconstrução da ideia inicial do seriado é levada ao extremo desse momento em diante. O que antes não fazia sentido sobre os mistérios do que há por trás da cerca da cidade, abre nossos olhos para uma discussão de convívio social, reações humanas perante ao incompreensível e a eficácia de um regime autoritário ou da democracia. Por isso o episódio cinco é um verdadeiro divisor de águas, pois o que se entende como ‘verdade’ é o que pode definir o papel das gerações em um futuro incerto da humanidade.
Um adendo aqui sobre a questão das gerações: a série enfatiza, conscientemente ou não, a tendência da menor resistência do jovem à manipulação, embora isso seja um tanto amenizado no desfecho, o que pode irritar representantes dessa faixa etária. Mas pensando no programa também como uma ferramenta de alerta ao público para o qual é destinado e a perspicácia com que essa realidade é retratada, defende-se aqui relevar esse aspecto.

No mais os destaques de Wayward Pines permanecem nas atuações, fotografia e seu ritmo dinâmico, que mesmo após a quebra do mesmo, soube manejar sob o aspecto do elenco a continuidade para um final irônico. Apesar dos maiores problemas em seriados do gênero seja a falta de respostas, vulgo Lost. Um final acomodado na familiar ação desenfreada, e ter sobrado espaço para contar com esse efeito a produção disse para que veio. Ou seja, apesar do seu desfecho ser discutível, e ao mesmo tempo genérico em relação a tramas desse tipo o valor como resultado final deste seriado foi altamente instigante e eficiente para quem gosta de um bom suspense, filosofia e uma redonda resolução de seus mistérios.



Nota: 8.7
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