quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Quarteto Fantástico 2015 - Crítica



Mais uma peripécia da Fox nos cinemas. Em mais uma tentativa fracassada de redirecionar um dos grupos mais icônicos do universo Marvel. O trailer de fato, passou uma boa impressão, mas infelizmente foi daqueles momentos em que o trailer é melhor que o filme como um todo.
Uma infelicidade foi esse reboot, pois claramente os roteiristas tentaram ir por uma via interessante, que é trabalhar com outra dimensão (dimensão negativa), que dizer se de passagem é um dos elementos mais intrigantes das histórias do Quarteto. Entretanto, o que ocorre, é uma inversão do que deve se focar. E a direção fracassa miseravelmente, em literalmente tudo, após 40 minutos de filme. O desenvolvimento de personagem se torna algo completamente irrelevante, sem força para nos importarmos com ninguém na trama.
O longa que bebe da fonte do universo Ultimate, nos apresenta um Reed Richards (Miles Teller) jovem que sonha em ser o primeiro homem a desenvolver o teletransporte, algo que por sinal consegue realizar ainda em sua infância. Doutor Franklin Storm (Reg E. Cathey) descobre a genialidade do rapaz e o contrata para trabalhar no edifício Baxter, onde inúmeros cientistas, com o apoio governamental, buscam desvendar os segredos da viagem tridimensional. O experimento ganha vida, mas algo não planejado acaba acontecendo, levando Reed, Sue Storm (Kate Mara), Johnny Storm (Michael B. Jordan) e Ben Grimm (Jamie Bell) adquirirem poderes especiais, que acabam por chamar a atenção do governo.
Apesar de contar com uma boa introdução, ao explorar a infância do futuro Sr. Fantástico, o longa acaba se perdendo completamente em uma infindável história de origem, ao gastar 90% de seu tempo de projeção para criar cada aspecto do grupo. Evidentemente o roteiro de Simon Kinberg, Jeremy Slater e Josh Trank buscava nos apresentar um filme de heróis diferente, algo que soasse mais como uma ficção científica. Porém, apenas arranha a superfície. Por incontáveis vezes podemos perceber diálogos que buscam expicar o que ocorre. Algo que acaba prejudicando não só a credibilidade da obra, como seu ritmo, ao passo que precisamos parar para ouvir explicações tão desnecessárias que já esquecemos de tudo cinco minutos depois.
O mais triste desse novo reboot foi a longa introdução e o quão raso seus personagens principais são desenvolvidos. Isso vale para Victor Von Doom (Toby Kebbell), que não passa de mais um jovem irritado com a raça humana pela forma como ela trata o planeta, mais um vilão que segue o estereótipo utilizado em Vingadores: Era de Ultron. A longa introdução nos dá a ideia de que poderíamos esperar algo bom quando chegasse o clímax, mas nem clímax o filme apresenta. Pois quando chega na hora da ação, de por em prática todo o experimento enfatizado na intro, a execução disso na prática foi totalmente decepcionante. Até na hora de explorar os poderes a direção peca, por forçar em certas cenas. Especialmente, no que diz respeito ao Coisa. O sofrimento do grupo ao ganhar os poderes, pode-se dizer que foi pontual e explorado de forma aceitável.
A elasticidade de Richards ou mesmo os golpes do Coisa, nenhum movimento passa qualquer credibilidade, resultando em efeitos especiais mal elaborados em conjunto de uma decupagem risível. Escolhas que deveriam ser óbvias dentro do filme jamais são utilizadas e a sensação que passa é que tudo busca esconder os defeitos visuais da obra. Por exemplo, em nenhum ponto vemos, dentro do mesmo plano, o Quarteto em ação, há uma preferência por quadros mais curtos e individuais, que no fim, fragmentam as sequências, tirando qualquer unidade factual, fazendo parecer como se os heróis sequer estivessem juntos no mesmo local.


De jovem revoltado a destruidor do planeta, mais um vez a origem do Doutor Destino jogada no lixo. Vale lembrar a força do personagem nos quadrinhos. Uma pena perceber que ainda não conseguiram criar uma versão ideal, saudável de assistir no audiovisual. Nessa nova versão o vilão pareceu mais uma livre adaptação do Doutor Manhattan, com poderes simplesmente absurdos que, em momento algum, são utilizados em todo seu potencial contra os heróis. Doom é provavelmente o personagem mais mal aproveitado da obra e tem sua forma vilanesca reduzida a um breve cameo, que ocupa no máximo dez minutos em tela. Onde o problema causado pelo mesmo é resolvido em um piscar de olhos, não obstante, apressadamente.
Uma coisa deve ficar clara, o longa carece de um visual próprio dentro do filme inteiro. Há uma ênfase enorme em tons mais escuros, mas que tiram qualquer plasticidade do longa, trata-se, claramente, de uma abordagem mais scifi, mas que acaba por retirar todo o espetáculo esperado. Mesmo a zona negativa carece de um trabalho de cores mais criativo ou até mesmo de um design mais deslumbrante, que efetivamente diferencie o local de um deserto rochoso qualquer.
A nova releitura fracassa novamente, foi uma tentativa com uma abordagem que tinha uma boa ideia ao trabalhar a zona negativa, mas que faltou uma direção de ação decente, um investimento maior na equipe de efeitos e design. Josh Trank pecou ao tentar misturar sci-fi com filme de super-herói e acaba não conseguindo realizar nenhum dos dois, nos entregando uma obra totalmente descartável. Uma coisa é certa, o novo Quarteto Fantástico será fantástico o bastante para fugir de nossas memórias em questão de dias. O que para um filme de super heróis que sequer diverte.

Nota: 4.2
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